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Perfil dos consumidores de leite informal de Palotina


Publicado em: 25/04/2006 08:28 | Categoria: Geral

 

Artigo

Contudo, a comercialização direta do leite cru pelo produtor é uma prática freqüente em grande parte do país (BADINI et al., 1996). A praticidade, os preços acessíveis, as questões culturais e o desconhecimento dos perigos que esse tipo de produto pode representar a saúde do consumidor, são fatores contribuintes para a continuidade ou aumento da comercialização desse leite chamado de “clandestino” ou “informal”.

Palotina está localizada ao noroeste do Paraná, com uma população estimada de 25.765 habitantes, sendo 5.031 na área rural, segundo dados do IBGE (2000). Por ser um município onde a principal atividade econômica é a agropecuária, a zona rural se funde à área urbana, e não é incomum encontrarmos nas ruas o leite produzido por pequenos produtores sendo transportado em garrafas ou em sacos plásticos, cujo destino é a venda direta ao consumidor.

Com isso, o presente trabalho teve por objetivo realizar um levantamento do perfil dos consumidores de leite no município de Palotina, visando identificar o consumidor de leite informal e avaliar seus conhecimentos quanto aos riscos que este tipo de leite pode causar.

Metodologia

Através de um questionário padrão, foram realizadas 235 entrevistas feitas de porta em porta e escolhidas ao acaso, na região central de Palotina, no período entre fevereiro e junho de 2005.

Resultados

É importante ressaltar que, apesar do grande percentual de aquisição de leite informal (38,3%), o seu consumo só ocorria após a fervura doméstica.  Dentre as 90 famílias que declararam o consumo de leite direto do produtor, pode-se observar pela Figura 2, a principal motivação para este consumo.

Mais de 75% dos entrevistados desconheciam os problemas que o consumo de leite informal poderia trazer. Outros 24% dos entrevistados citaram a febre aftosa como principal doença que poderia ser transmitida pelo leite cru, seguidas da brucelose, tuberculose e problemas entéricos. Segundo Olival & Spexoto (2002), a população acredita que a febre aftosa seja o principal problema do leite, que em termos de saúde pública. No entanto, bactérias patogênicas como Staphylococcus aureus, Salmonella, entre outras, devem ser consideradas epidemiologicamente mais importantes na ocorrência das Enfermidades Transmitidas por Alimentos, tendo o leite como veículo.

As questões que estão envolvidas na comercialização do leite informal são aquelas de ordem sócio-econômicas, como exemplo, a insegurança no mercado e a falta de políticas para pequenos produtores o que acarreta na decisão do produtor em seguir para o mercado informal. Contudo, para o consumidor interessa, principalmente, a questão de saúde pública. Devido a todos esses fatores, o leite informal deve ser considerado um problema cultural, social e tecnológico, tanto para os produtores quanto para os consumidores.

Conclusão

Pelos dados obtidos neste trabalho fica evidente a constatação de que é grande a comercialização de leite informal no município de Palotina e a desinformação do consumidor a respeito dos perigos que podem ser verdadeiramente veiculados por esse tipo de produto.

De qualquer modo, o problema evidenciado deve ser encarado como uma questão sócio-econômica e cultural, e que políticas públicas devem ser adotadas como forma de garantir aos pequenos produtores, condições mínimas que permitam o seu sustento na cadeia produtiva do leite.

Referências

BADINI, K. et al. Risco à saúde representado pelo consumo de leite cru comercializado clandestinamente. Revista de saúde pública. v. 30, n. 6, p.549-522, 1996.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Capturado em 05 jul. 2005 Disponível na Internet: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.

OLIVAL, A.; SPEXOTO, A.A. Levantamento do hábito de consumo de leite informal em Pirassununga, SP. Mar. 2002a. Capturado em 05 jul. 2005. Radares técnicos (on line). Disponível na internet: http://www.milkpoint.com.br/mn/radarestecnicos/artigo.asp?nv=1&area_desc=qualidade+do+leite&id_artigo=19750&perM=8&perA=2005



Por Luciano dos Santos Bersot, professor da UFPR – Campus Palotina, é responsável pela disciplina de Inspeção em Produtos de Origem Animal.

Vinicius Cunha Barcellos, médico veterinário e docente da UFPR – Campus Palotina. Ministra a disciplina de Tecnologia de POA.

Débora de Souza Motta, médica veterinária e pós-graduanda em Vigilância Sanitária e Epidemiologia em Saúde, da Unipar.

Júlia Arantes Galvão, acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, UFPR, Campus Palotina


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