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Ocorrência das doenças neurológicas em bovinos no Paraná


Publicado em: 13/01/2010 09:34 | Categoria: Geral | Autor: Ana Maria Ferrarini

 

Artigo

Os médicos veterinários que atuam no campo e enfrentam problemas de mortalidade em bovinos acometidos por doenças do Sistema Nervoso, podem contar agora com um auxílio importante. Pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) estão desenvolvendo o projeto intitulado Diagnóstico diferencial das encefalopatias dos bovinos no estado do Paraná, com apoio financeiro do MAPA/CNPq (processo nº 578645/2008-4; Edital CNPq/MAPA/SDA nº 64/2008), iniciado em março desse ano e com vigência até fevereiro de 2012. O trabalho é executado por uma equipe multidisciplinar com competência nas áreas de clínica, patologia, virologia, bacteriologia, toxicologia e patologia clínica, e envolve a aplicação de métodos diagnósticos nos diferentes laboratórios. Professores de outras Instituições de Ensino Superior (IES) paranaenses que oferecem Curso de Medicina Veterinária são parceiros no projeto.

Os objetivos do projeto são:

a) investigar a ocorrência de diferentes doenças causadoras de distúrbios neurológicos em bovinos criados no estado do Paraná, estabelecendo o diagnóstico diferencial com a Raiva;

b) identificar a distribuição regional dessas enfermidades e os fatores de risco envolvidos;

c) criar uma rede estadual de diagnóstico das encefalopatias dos bovinos com abrangência geográfica ampla por meio da parceria entre a UEL e outras IES paranaenses e da integração com o Serviço Oficial de Diagnóstico;

d) gerar informações epidemiológicas que direcionem ações estratégicas apropriadas de prevenção.

As doenças do Sistema Nervoso dos bovinos determinam prejuízos econômicos consideráveis porque quase sempre provocam a morte dos animais acometidos e muitas vezes ocorrem sob a forma de surtos. Devem ser consideradas como um conjunto de enfermidades porque manifestam-se por distúrbios neurológicos comuns, variáveis e inespecíficos (não patognomônicos). Assim, confundem-se entre si o que torna o diagnóstico diferencial uma necessidade e um desafio. Podem ter causas infecciosa, física, tóxica, metabólica, nutricional e idiopática, as quais produzem processos de natureza inflamatória, vascular e degenerativa no encéfalo.

As seguintes enfermidades ocorrem no Brasil: Raiva, encefalites pelo BoHV-5 ou pelo BoHV-1, Febre Catarral Maligna, meningoencefalites bacterianas, Listeriose, Babesiose cerebral, intoxicações por plantas, por chumbo, por organofosforados, por carbamatos e por ureia, Acetonemia, Hipocalcemia, Polioencefalomalácia (PEM), Tétano e Botulismo.

A Raiva é a doença mais prevalente no país e, admite-se que as intoxicações por plantas ocupem a segunda colocação. De fato, com exceção da Raiva para a qual existe um trabalho de vigilância epidemiológica organizado e normatizado, não são realizados levantamentos epidemiológicos regionais sistematizados para o reconhecimento da ocorrência das demais enfermidades. Alguns poucos levantamentos comprovam que: as meningoencefalites bacterianas ocorrem muito menos frequentemente do que as de etiologia viral; ao contrário dos países de clima frio, a Listeriose é uma doença de prevalência reduzida; e merecem destaque a encefalite pelo BoHV-5, a Febre Catarral Maligna, o botulismo, a PEM e a encefalopatia hepática causada pela ingestão de plantas hepatotóxicas.

A definição do diagnóstico depende invariavelmente do apoio laboratorial e, em virtude da diversidade de doenças, é frequente a necessidade do emprego de técnicas específicas de duas ou mais áreas de conhecimento. O trabalho integrado da investigação clínica e dos laboratórios de patologia, virologia, bacteriologia, toxicologia e patologia clínica aumenta a probabilidade da conclusão diagnóstica bem sucedida. Essa é a condição fundamental para que seja possível orientar medidas preventivas apropriadas para cada situação particular.

O médico veterinário que enfrenta esse tipo de problema em sua rotina prática sabe reconhecer com facilidade a complexidade da situação quando o diagnóstico de Raiva não é confirmado e a causa das mortes permanece não esclarecida. Durante a vigência de execução desse projeto de pesquisa, o profissional pode contar com o apoio da rede de diagnóstico em atividade. Após o contato notificando a ocorrência, os seguintes procedimentos podem ser postos em prática:

a) deslocamento da equipe de pesquisadores até a propriedade para investigar in loco, identificando os fatores de risco e realizando exame físico, necropsia, colheita de amostras e reconhecimento de plantas tóxicas;

b) encaminhamento dos animais doentes para o Hospital Veterinário da UEL e de outras IES parceiras;

c) encaminhamento de amostras dos animais doentes para a UEL. Todas as informações serão repassadas ao médico veterinário responsável, juntamente com as orientações pertinentes.

 

Por Prof. Júlio Augusto Naylor Lisbôa (UEL – coordenador do projeto)
(43) 3371.4319, (43) 3371.4671 e (43) 9900.2665; janlisboa@uel.br

Gustavo Queiroz (bolsista DTI) - gustaroque@hotmail.com

Rita Ribeiro (bolsista DTI) - ritaribeiromv@hotmail.com


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