Geral
Euritrematose Bovina
Artigo
O levantamento das afecções durante o abate de animais de açougue, considerando também os aspectos higiênicos, sanitários e tecnológicos próprios desses procedimentos, sempre envolveu a preocupação epidemiológica da ocorrência de enfermidades em rebanhos ou populações animais. A imensa quantidade de informações obtidas dos abates diariamente realizados, fornecem dados que permitem a detecção e quantificação da ocorrência de enfermidades sub-clínicas, possibilitando a adoção de medidas profiláticas e corretivas, assim como a identificação de fatores de risco.
As espécies do gênero Eurytrema (LOSS, 1907), chama a atenção pelos índices que são observados em pâncreas de bovinos abatidos em matadouros frigoríficos nos diversos estados brasileiros (BRANT, 1963; AZEVEDO, 2000; YAMAMURA, 2005). São parasitas comuns de ductos pancreáticos, ocasionalmente ductos biliares e raramente intestino delgado de ruminantes, sendo descritos em bovinos, caprinos, ovinos, bubalinos, leporinos e camelídeos (MATTOS JR; VIANNA, 1987). A distribuição geográfica do Eurytrema spp. é ampla, ocorrendo na Europa, Rússia Oriental, Ásia e também na América do Sul (YAMAGUTI, 1975).
O ciclo biológico do Eurytrema sp. é heteroxeno, sendo o primeiro hospedeiro intermediário representado por espécies de um molusco do gênero Bradybaena e o segundo, por espécies de um artrópode do gênero Conocephalus conhecido vulgarmente como “esperança”. Os ruminantes, hospedeiros definitivos, adquirem a infecção por ingestão acidental dos insetos com as pastagens, ou ingestão de metacercárias eliminadas pelos insetos sobre as pastagens. Esta particularidade do ciclo do Eurytrema sp. tem sido uma das dificuldades de controle de sua multiplicação uma vez que não se pode aplicar inseticidas onde residem os hospedeiros intermediários que são as pastagens e fontes de água para o gado (MATTOS JR; VIANNA, 1987).
As alterações clínicas dos animais infectados foram descritas por Correa et al, (1984) e consistem em: ligeira caquexia, debilidade, ausências de diarréia, anemia e alterações cardiorespiratórias. O Eurytrema sp. aloja-se primariamente no ducto pancreático, embora infecte o trato biliar simultaneamente, produzindo pancreatite intersticial e subseqüente obstrução ductal.
Em geral, os bovinos apresentam infecção sub-clínica e o diagnóstico laboratorial da euritrematose baseia-se em exames coproparasitológicos, sendo que muitas vezes o diagnóstico da euritrematose em bovinos é realizado somente após a morte dos animais (BELÉM et al, 1996).
A infecção crônica do pâncreas é uma das principais causas de condenação do pâncreas nas linhas de inspeção em alguns estados brasileiros. O artigo 192 do RIISPOA recomenda a condenação do pâncreas infectado por E. coelomaticum.
Vários pesquisadores comprovaram a ineficiência dos produtos anti-helmínticos usados para combater a euritrematose em bovinos (MATTOS JR; VIANNA, 1987; YAMAMURA, 1989; ARAÚJO; BELÉM; 1993). Essa informação vem ratificar os resultados negativos que se obtêm quando se tenta tratar os animais parasitados com os produtos atualmente disponíveis.
No período de junho de
Na tabela 1, os municípios que apresentaram menor freqüência de ocorrência foram: Quarto Centenário; 10%, (2/20), Terra Boa; 14,0%, (9/64), Moreira Sales; 15,5%, (16/103), Mamborê; 17,0%, (7/41). Os municípios com maior freqüência de ocorrência foram: Campina da Lagoa; 78,6%, (133/169), Peabirú; 82,1%, (23/28), Corumbataí do Sul; 86,9%, (100/115), Farol; 88,0%, (22/25) e Fênix 100%, (3/3).
Tabela 1 – Distribuição da euritrematose nos diversos municípios que compõe a região da COMCAM, localizada no centro-oeste do Paraná, obtidos no período de junho de
MUNICÍPIOS | NÚMERO DE ANIMAIS | FREQÜÊNCIA DE OCORRÊNCIA % |
Araruna | 54 | 33,3 (18/54) |
Barbosa Ferraz | 53 | 75,4 (40/53) |
Campina da Lagoa | 169 | 78,6 (133/169) |
Campo Mourão | 125 | 49,6 (62/125) |
Corumbataí do Sul | 115 | 86,9 (100/115) |
Goioerê | 225 | 33,3 (75/225) |
Iretama | 147 | 70,7 (104/147) |
Janiópolis | 187 | 17,1 (32/187) |
Luiziana | 125 | 58,4 (73/125) |
Mamborê | 41 | 17,0 (7/41) |
Moreira Sales | 103 | 15,5 (16/103) |
Peabirú | 28 | 82,1 (23/28) |
Quarto Centenário | 20 | 10,0 (2/20) |
Roncador | 246 | 40,2 (99/246) |
Altamira do PR | 59 | 38,9 (23/59) |
Ubiratã | 39 | 51,3 (20/39) |
Farol | 25 | 88,0 (22/25) |
Fênix | 3 | 100,0 (3/3) |
Terra Boa | 64 | 14,0 (9/64) |
TOTAL | 1.828 |
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Na tabela 2, pode-se observar os resultados dos estudos da freqüência de ocorrência mensal, a média de idade dos animais parasitados e não parasitados, no período de junho de
Tabela 2 – Freqüência de ocorrência mensal e média de idade de animais parasitados e não parasitados em relação à presença de Eurytrema sp. no pâncreas de bovinos abatidos no frigorífico Cristal de Campo Mourão – Paraná, no período de junho de
MÊS | NÚMERO | FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA | ANIMAIS | |
% | PARASITADOS | NÃO PARASITADOS | ||
JUNHO | 178 | 51,6 (92/178) | 4,50 ± 1,52 | 3,93 ± 2,15 |
JULHO | 176 | 42,0 (74/176) | 4,40 ± 1,16 | 3,63 ± 0,95 |
AGOSTO |
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