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Acompanhamento Veterinário Integrado de Rebanhos Ruminantes (AVIR),


Publicado em: 23/01/2007 09:32 | Categoria: Geral

 

Artigo


A Medicina Veterinária de animais de produção não é um conceito novo, sendo colocada em prática pelos médicos veterinários de diferentes formas como: “consultoria de rebanhos”, “gestão da fertilidade”, “administração da saúde de rebanhos” entre outros, cujos conceitos e resultados foram discutidos na literatura técnica veterinária desde o início dos anos 80 do século passado. O conceito de “Acompanhamento Veterinário Integrado de Rebanhos” foi cunhado em 1993 na Escola Superior de Medicina Veterinária de Hannover, na Alemanha, tendo como significado a realização de uma atividade sistemática e continuada do médico veterinário, objetivando incrementar a saúde e a capacidade produtiva dos animais, levando em conta a situação econômica da propriedade ou empresa pecuária, a qualidade dos produtos e no final das contas a realização profissional e pessoal dos envolvidos (peões, capatazes, gerentes, investidores) no processo. 

A implementação do AVIR segue alguns princípios estratégicos para o sucesso do sistema, tais como:

- Levantamento do “status quo” nos diferentes setores de acompanhamento veterinário da empresa (ex. reprodução, saúde do úbere, claudicação etc.);

- Definição de metas para cada área de acompanhamento;

- Elaboração de uma estratégia para atingir as metas propostas; eventualmente adaptação de estratégias existentes;

- Implementação do programa de trabalho;

- Documentação exata (levantamento dos dados e seu processamento);

- Controle através de avaliações regulares dos diferentes processos envolvidos no fluxo de produção e interpretação de dados colhidos (avaliação através de indicadores);

- Aconselhamento, observação de conseqüências e definição de novas metas.

Atualmente tais estratégias são parcialmente realizadas principalmente pelas unidades veterinárias de algumas cooperativas de produtores de leite e algumas empresas especializadas em consultoria veterinária. Infelizmente, estes acompanhamentos têm sido realizados de maneira mais ou menos empírica, pois a pesquisa veterinária brasileira ainda não incorporou em sua plenitude os conceitos de AVIR ruminante, diferentemente do que se observa na produção de suínos e aves. No entanto parece ser oportuno levantar a questão, pois algumas ferramentas úteis, como a informática, avançaram significativamente, ao mesmo tempo em que se observa preocupação tanto do lado do criador como dos órgãos públicos envolvidos com temas relacionados à saúde e qualidade do rebanho (rastreabilidade, SISBOV, Programa Nacional de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose, SAPI Leite entre outros).

Ao contrário de alguns países europeus não se estabeleceu aqui, por enquanto, o tamanho mínimo para que o AVIR ruminante seja viável, do ponto de vista econômico. No caso brasileiro isto deverá variar segundo o tipo de exploração (leiteira / carne) e principalmente deverá sofrer influências regionais (centro-oeste, nordeste, sul) e da espécie ruminante (bovino, búfalo, caprino, ovino) atendida. Frisa-se que todas as ações veterinárias realizadas deverão considerar o ponto de vista gerencial e empresarial da propriedade. Exemplificando: só se realizam exames complementares caso se projete que os resultados encontrados terão realmente conseqüências práticas.

É fundamental para o estabelecimento de um programa de Acompanhamento Veterinário Integrado de Rebanhos a existência de um relacionamento de confiança entre o veterinário e o proprietário. O médico veterinário deverá ter visão integral do negócio no qual ele é prestador de serviços, preocupando-se constantemente com a rentabilidade e a sustentabilidade da atividade. Do proprietário, por sua vez, espera-se uma visão profissional da atividade, tratando a propriedade como uma empresa e aceitando o AVIR como um instrumento de auxílio da gestão integrada do seu negócio.

T
anto produtor como médico veterinário são chamados a se identificarem como integrantes de um sistema de produção de alimentos seguros. E ao adotarem um AVIR estão contribuindo para assegurar qualidade, ao mesmo tempo em que estão lançando a pedra fundamental para um programa de gestão da qualidade, que por sua vez estimula um círculo virtuoso de melhoria contínua. Certamente o dinamismo que o agronegócio brasileiro têm demonstrado contribuirá para a adoção cada vez maior destas ferramentas, tornando a pecuária bovina cada vez mais preparada para a competição no mercado exterior, calcada cada vez mais sobre aspectos sanitários, de bem-estar animal e sustentabilidade ambiental.

Por:


Rüdiger Daniel Ollhoff, professor Titular da PUCPR, presidente da Associação Brasileira de Buiatria e da Associação Paranaense de Buiatria (BUIATRIA-PR)

Felipe Pohl de Souza, professor Adjunto da PUCPR, proprietário da MAGNA – Consultoria Veterinária, ex-presidente da Associação dos Especialistas em Pequenos Ruminantes (AVEPER)


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