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A relação médico veterinário imaginologista clínico – cliente/paciente


Publicado em: 23/01/2007 09:35 | Categoria: Geral

 

Artigo


Considerando que o imaginologista atende à solicitação de seu colega clínico, este relacionamento torna-se primordial, devendo haver uma perfeita harmonia entre colegas e adequada com o cliente/paciente, caso contrário será efetuado um procedimento puramente técnico e às vezes sem valia. A prática do diagnóstico por imagem não deve prescindir dos fundamentos clínicos, tanto aqueles relacionados à semiologia como aqueles voltados à investigação clínica propriamente dita. Realizar uma boa prática clínico-diagnóstica deve ser o objetivo do imaginologista, atendendo de forma eficiente à solicitação do colega clínico e executando um atendimento que satisfaça às necessidades do paciente sem interferir na conduta do solicitante.

Quando falamos em exames imaginológicos como a ultra-sonografia e radiologia, devemos ter em mente que o exame é um ato médico na sua total concepção, já que a execução do mesmo requer uma série de conhecimentos especializados integrados. Estes conhecimentos envolvem o domínio fluente da anatomia da imagem, bases fisiológicas, raciocínio clínico pertinente, conhecimento técnico relacionado ao manuseio do aparelho, bem como uma sólida formação na interpretação das imagens obtidas, para enfim fazer a elaboração de laudos satisfatórios.

A correta indicação do exame é o ponto de partida para a realização de um bom exame diagnóstico. É comum observarmos solicitações de exames que não são os mais indicados para a patologia suspeita. Esta inadequação está relacionada não somente ao desconhecimento do veterinário solicitante, mas também à eventual indisponibilidade do mesmo. Por exemplo, derrames pleurais são normalmente avaliados por exames radiográficos convencionais quando se dispõe de transdutores ultra-sonográficos adequados, que o fariam de forma eficiente e sem radiação. Quando pensamos na função educacional do imaginologista, existe um papel didático muito importante a ser cumprido, o qual deve de alguma forma orientar sobre os melhores métodos disponíveis para cada tipo de patologia.

A elaboração de uma requisição com dados como nome, sexo, idade, raça, médico solicitante, tipo do exame solicitado, indicações clínicas e antecedente diagnóstico e cirúrgico é uma prática recomendável na condução do exame de imagem. Por isso, caso não se tenha estes dados, devemos gastar alguns minutos conversando com o cliente, iniciando um bom relacionamento, para extrair algumas informações que o colega não relatou. Não é proibido conversar durante o exame, pelo contrário, algumas questões colocadas de forma estratégica durante o exame podem elucidar imagens de difícil interpretação.

A indicação diagnóstica apontada pelo colega solicitante em sua requisição muitas vezes é vaga, sem o acompanhamento de outras informações que possam auxiliar o imaginologista a respeito da patologia e/ou quadro clínico. Este ponto determina a importância de uma breve anamnese a ser realizada pelo imaginologista, que deve inquirir o cliente sobre a queixa principal, história clínica e antecedentes do paciente. Outras informações como dados cirúrgicos pregressos e exames anteriores devem fazer parte constante da investigação prévia do imaginologista, que corre o risco de ignorar ausência de estruturas e outras patologias que já poderiam coexistir, já diagnosticadas em exame anteriores. Muitas vezes um exame físico simples deve anteceder o exame de imagem, como por exemplo, palpação abdominal, localização de focos dolorosos, auscultação cardíaca e pulmonar.

Ao concluir o exame podemos ou não relatar ao cliente detalhes dos resultados? É uma questão difícil de ser respondida de forma satisfatória, pois o exame que originalmente deve retornar ao colega solicitante pertence é claro ao cliente. Assim, cabe o mínimo de respeito às indagações e dúvidas do cliente que muitas vezes está ansioso por algum esclarecimento. Em determinadas situações não podemos dizer que está tudo bem, o bom senso permite, sinalizar ao cliente alguns dados do exame e a urgência de seu retorno ao clínico, sem interferir ou melindrar o colega que solicitou o mesmo, que deverá anunciar o laudo na sua totalidade.

Conhecer e respeitar os limites de cada método de imagem é um princípio fundamental e recomendável, assim poderemos produzir descrições objetivas e seguras a respeito das lesões identificadas. O diagnóstico por imagem é predominantemente descritivo e para todo o exame realizado deve constar um laudo devidamente detalhado e assinado. Este laudo é o documento no qual o imaginologista comprova seu trabalho e se responsabiliza pelos dados descritos naquela data, devendo sempre o exame ser guardado com o cliente. Obviamente existirão situações em que algum tipo de diagnóstico clínico será especulado, muitas vezes colocado entre parênteses ou como observação, o que é de suma importância para que alguns diferenciais sejam lembrados. 

Realçamos a necessidade de uma prática diária de alguma forma de contato que venha a estreitar a relação do imaginologista com o clínico, tanto para a discussão de aspectos clínicos relacionados à elucidação diagnóstica do caso quanto para adiantar informações constantes no laudo. Desta relação saem muitas vezes parcerias de sucesso duradouras. Muitas vezes é interessante um convite ao colega para que haja o acompanhamento de exames, como biopsias guiadas e exames especiais, quando haverá uma troca de informações importante e prazerosa.

Centros diagnósticos veterinários com equipamentos modernos e equipe especializada, como já existem nos grandes centros do nosso país, têm condições de suprir esta demanda especializada em nossa região. Sabemos que não é compensatório muitas vezes, em algumas clínicas e consultórios a instalação destes serviços, além do fator especialização e educação continuada. Assim acompanhamos os avanços das especialidades na medicina diagnóstica e investigativa de animais de companhia, que aparecem com velocidade assustadora, e só contribuem para o sucesso de todos e a satisfação do nosso cliente, cada vez mais esclarecido e questionador, fruto da globalização e difusão do conhecimento pela internet.

A convivência entre especialistas de diversas áreas soma conhecimentos e integra alternativas diagnósticas e terapêuticas. Um erro de nossa parte pode levar a uma conduta terapêutica inadequada e até mesmo fatal. Em última análise, toda esta integração resulta na prática de uma Medicina Veterinária com maior grau de acurácia e resolutividade beneficiando assim o principal elemento da relação: o paciente.

Por:

Danielle Murad Tullio, MSc, membro do Colégio Brasileiro de Radiologia
Vivien Midori Morikawa, méd. vet. especialista em Radiodiagnóstico Veterinário


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