Geral
Alimentos Funcionais na Alimentação de Cães
Artigo
A nutrição dos animais de companhia vem sendo cada vez mais explorada, visto a necessidade de maiores informações relacionadas ao papel dos diferentes ingredientes na manutenção, crescimento e desenvolvimento dos animais. Em busca de melhorar cada vez mais a qualidade de vida e a saúde em geral desses animais, procura-se encontrar a chamada nutrição ótima. Dentro desse quadro encontram-se os alimentos funcionais.
Propriedade funcional é o termo empregado ao papel metabólico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo. Portanto, alimentos funcionais são aqueles que além de disponibilizar ao animal a quantidade de nutrientes que lhe é necessária, também fornecem a possibilidade de melhorar outra característica à parte (Souza et al., 2003).
Um grande número de pesquisas tem sido desenvolvido para avaliar os efeitos destes alimentos, destacando-se, no caso da alimentação de cães, o uso das fibras, prebióticos, probióticos e ácidos graxos pollinsaturados, detalhados na seqüência.
Fibras
As fibras insolúveis são aquelas pouco ou nada fermentadas pela flora intestinal sendo excretadas praticamente intactas. Como possuem características que permitem grande retenção de água, aumentam a massa fecal e o peso das fezes. Portanto, dão consistência ao bolo fecal, estimulando o peristaltismo intestinal, tendendo a diminuir o tempo de trânsito devido a sua consistência.
Já as fibras solúveis atuam como substratos para a fermentação no cólon. São agentes espessantes, tendendo a aumentar a viscosidade do bolo alimentar, diminuindo à taxa de esvaziamento gástrico e causando saciedade. Além disso, modificam o metabolismo dos carboidratos e dos lipídios. Estas características as tornam especialmente importantes em dieta terapêuticas, como para cães obesos ou diabéticos (Hussein, 2003).
Prebióticos
Dentre os compostos prebióticos mais utilizados na nutrição de cães temos os frutoligossacárideos (FOS) e mananoligossacarídeos (MOS) (Otero, 2003).
Os FOS não são digeridos nem absorvidos no intestino delgado, alcançando o intestino grosso intactos e ali são fermentados pelas bactérias anaeróbias que compõem a flora intestinal. Como resultado dessa fermentação, há a produção de grandes quantidades de AGV, além de CO2, amônia e H2, tornando o pH no lúmen do intestino grosso bastante ácido. Este meio ácido acaba sendo favorável às bactérias benéficas, como as Bifidobacterias e Lactobacillus, e inócuo às bactérias prejudiciais, como o Clostridium, E. Coli, Listéria, Salmonella, entre outras.
Os MOS apresentam a capacidade de modular o sistema imunológico e a microflora intestinal, ligam-se a uma ampla variedade de micotoxinas e preservam a integridade da superfície de absorção intestinal.
Probióticos
A microflora intestinal desempenha inúmeras funções no organismo animal. Dentre estas, destacam-se características como proteção do organismo contra infecções e outras doenças, estimular a resposta imunológica, efetuar diversas atividades enzimáticas e contribuir para o fornecimento de vitaminas e minerais (Oliveira e Batista, 2003). Os probióticos devem ser incorporados pós-extrusão, devido a alta temperatura utilizada no processo.
Ácidos graxos poliinsaturados
Os ácidos graxos poliinsaturados são fundamentais ao organismo de duas formas distintas: como componentes estruturais da membrana celular, participando como parte integrante na sua estrutura lipoprotéica e como precursores dos eicosanóides, sendo importantes mediadores dos processos inflamatórios.
A tendência atual é que a utilização destes alimentos funcionais cresça cada vez mais na alimentação dos animais de companhia. As respostas claras a respeito das várias substâncias funcionais para cães só serão encontradas após um longo período experimental. Esta carência de respostas científicas é semelhante na nutrição humana, onde, atualmente, vários alimentos funcionais ainda seguem sendo avaliados.
Referências
HUSSEIN. S. H. Functional fiber: role in companion animal health. In: Production Symposium Trade Show – Pet Food Forum, Chicago –llinois, p. 125 a 131, 2003.
OLIVEIRA, L.T. BATISTA, S. M. M. A Atuação dos Probióticos na Resposta Imunológica. Disponível em: http://www.nutricaoempauta.com.br , Acesso em: 25/09/2010.
OTERO, R. M. L. Oligosacáridos Como Ingredientes Funcionales: Prebióticos. Disponível em: http://www.icofma.es, Acesso em: 20/09/2010.
SOUZA, P. H. M.; SOUZA NETO, M. H.; MAIA, G. A. Componentes funcionais nos alimentos. Boletim da SBCTA. v. 37, n. 2, p. 127-135, 2003.
Por:
Zootec. Alex Maiorka, docente do Departamento de Zootecnia UFPRMéd. Vet. Sebastião Aparecido Borges, docente do Departamento de Zootecnia UTP
Laís Guimarães Alarça, mestranda em Ciências Veterinárias UFPR
Ananda P. Félix, doutoranda em Ciências Veterinárias UFPR