Geral
Chimpanzés derrotam humanos adultos em testes de memória
"Ninguém poderia imaginar que chimpanzés - chimpanzés jovens, de 5 anos de idade - tivessem uma performance melhor que seres humanos em tarefas de memorização", disse ele, em nota.
Matsuzawa, um pioneiro no estudo da capacidade mental dos chimpanzés, disse ter se surpreendido com o resultado. Ele e o colega Sana Inoue descrevem o trabalho na edição desta terça-feira, 4, do periódico Current Biology.
Um dos testes de memória incluiu três chimpanzés de 5 anos que tinham sido treinados para ordenar os algarismos arábicos de
Eles viram nove números serem apresentados numa tela de computador. Quando o primeiro número era tocado, os demais eram cobertos por quadrados brancos. A tarefa era tocar os quadrados na ordem crescente dos algarismos ocultos.
Resultados mostraram que os chimpanzés não eram mais precisos que os humanos, mas conseguiam completar a tarefa mais rapidamente. Um chimpanzé, Ayumu, foi o campeão. Numa segunda rodada, Ayumu enfrentou nove universitários.
Desta vez, cinco números eram exibidos por instantes na tela, antes de serem substituídos por quadrados brancos. O desafio, novamente, era tocar os quadrados na seqüência crescente correta. Quando os números eram exibidos por sete décimos de segundo, tanto Ayumu quanto os universitários eram capazes de acertar em 80% das tentativas.
Mas quando o tempo de exposição caía a quatro décimos ou dois décimos de segundo, o chimpanzé dominava. Mesmo no tempo menor, curto demais para permitir uma boa olhada na tela, Ayumu ainda acertava 80% das vezes, enquanto os humanos caíram a 40%.
Isso indica que o macaco era melhor em captar o padrão geral dos números com um único olhar, escrevem os pesquisadores.
"É inacreditável o que esse chimpanzé consegue fazer", disse a diretora do Centro para o Estudo e Conservação de Primatas do Lincoln Park Zôo de Chicago, Elizabeth Lonsdorf. "Eu vi o vídeo (da performance do chimpanzé) e posso dizer que não conseguiria fazer isso de jeito nenhum", disse ela. "Não sou capaz de acertar nem os dois primeiros quadrados".
Segundo Matsuzawa, dois fatores podem estar operando a favor dos macacos. Um deles é que os ancestrais da humanidade podem ter trocado parte da capacidade de memorização rápida para abrir espaço no cérebro para as complexidades da linguagem. Outro é a tenra idade de Ayumu.
O tipo de memória privilegiado nesses testes lembra uma perícia comum em crianças, mas que some com a idade. O próximo passo lógico, então, é pôr os chimpanzés para enfrentar adversários à altura: criancinhas.
Fonte: Estadão