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Psicólogos ajudam donos a superar a morte de seus mascotes


Publicado em: 04/12/2007 09:48 | Categoria: Geral

 



A psicóloga e médica veterinária especialista em comportamento animal Hannelore Fuchs explica que a morte
do mascote pode ser tão traumática que em muitos casos só é superada no divã. Segundo ela, para a maioria dos proprietários, o sentimento de perda pode ser comparado à morte de um ente querido. Alguns donos apresentam sintomas como depressão, nervosismo, choro, insônia ou excesso de sono, entre outros.

“O processo de recuperação é longo, extremamente doloroso e, talvez, irreparável. Há casos em que as pessoas não se conformam e nunca mais querem ter outro bicho”, diz Hannelore. Ela afirma que as sensações ruins são provocadas por um sentimento de culpa que sempre surge após a morte de alguém conhecido. “É comum que o dono pense que não fez tudo o que poderia para ajudar seu bicho, o que geralmente não é verdade.”

Esse sentimento de culpa se abateu sobre a instrutora de equitação Lígia Coelho depois da morte da gata Pipoca. Além de ter de lidar com a própria dor por ter perdido aquela que foi sua companheira por 15 anos, Lígia ainda teve de cuidar de sua outra gata, Miucha, que ficou com a saúde abalada.

“Quando Pipoca morreu, Miucha somatizou sua morte e começou a ter um problema respiratório muito sério. De madrugada, às vezes, eu tinha de sair para levá-la ao pronto-socorro”, diz. Enquanto Miucha passava por atendimento médico, Lígia conversava com as psicólogas de plantão em um hospital veterinário que oferece esse serviço aos donos.

“Foi muito bom, porque eu realmente precisei de ajuda para superar a perda de Pipoca. Depois que ela morreu, comecei a pensar coisas que normalmente não pensaria. Eu sentia que Miucha me culpava por ter saído com Pipoca e voltado sem ela”, diz Lígia. “Conversar com as psicólogas me deixou mais aliviada. O atendimento foi importante para eu conseguir desabafar e me recuperar.”

Vivenciar a dor

A intensidade do trauma depende da maneira como ocorre a perda do animal. Se ele precisa ser sacrificado, a família tem um tempo para se preparar. Mas se acontece um acidente e a morte é inesperada, o choque costuma ser maior.

“Se o dono é muito apegado ao bichinho, a idéia de perdê-lo é tenebrosa, principalmente se ele acompanhou a pessoa em diferentes fases da vida. Quando morre, o dono fica inconsolável por muito tempo e a ajuda psicológica pode ser necessária”, diz Hannelore.

A psicóloga Simone Cortez afirma que durante uma emergência o dono sente o medo da perda iminente. “O apoio é feito no sentido de ajudar a pessoa a entender a situação e vivenciar o momento da maneira mais tranqüila possível, apesar da dor. E depois, durante uma internação, não basta deixar na mão dos veterinários, porque eles precisam do apoio dos donos também.”

Simone conta que alguns atendimentos são feitos no horário de visitas dos cães internados, não somente com um dono solitário, mas com famílias inteiras. “Situações de perdas podem despertar sentimentos mais profundos e desencadear outros traumas. Há casos em que a pessoa tem de fazer tratamento regular, apenas o apoio no momento difícil nem sempre é suficiente”, diz.

Dar um novo cãozinho ou gatinho para quem acabou de perder o companheiro não costuma ser uma boa idéia. “Nem sempre a pessoa está pronta. O outro animal nunca vai substituir aquele que morreu e o sofrimento da pessoa pode até aumentar. O ideal é esperar o luto ser vivenciado e a dor, superada”, afirma Hannelore.

Preconceito

Hannelore afirma que a procura por tratamento psicológico para superar perdas de animais de estimação aumentou. Porém, a especialista acredita que a sociedade ainda não reconhece que alguém possa sentir e chorar a perda de um cão como se fosse um ente querido.

Segundo a psicóloga e médica veterinária, nos Estados Unidos é comum pessoas que perderam animais de estimação procurarem grupos de apoio. Os donos se reúnem uma vez por mês com psicólogos e compartilham a dor da perda.

Para ela, no Brasil as pessoas ainda têm preconceitos. “Os donos muitas vezes são incompreendidos. Só quem já amou um animal e passou por um luto semelhante entende a dimensão desse sofrimento”, afirma. “Buscando atendimento, a pessoa consegue superar o trauma e viver mais feliz.”


Fonte: G1

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