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Ocupação do litoral de SP ameaça serpentes
Segundo Cicchi, ainda há muitas ilhas a ser estudadas e existe o risco de algumas espécies desaparecerem antes mesmo de serem conhecidas pela ciência.
"Nós conhecemos muito pouco da maior parte da fauna, não só das serpentes, mas de forma geral", afirma o pesquisador.
Segundo ele, a ocupação humana do litoral "leva a uma extinção mais rápida" de serpentes porque as ilhas onde elas vivem são ambientes peculiares e "totalmente vulneráveis" à ação do homem. São locais como o arquipélago de Ilhabela, ilha Anchieta e ilha do Cardoso.
Cicchi e Duarte analisaram as coleções de serpentes de todo o Estado de São Paulo, inclusive a do Instituto Butantan, uma das maiores do mundo. A partir desse levantamento, os pesquisadores foram a campo identificar onde elas vivem naturalmente.
O pesquisador da Unesp diz que por falta de recursos a equipe se limitou a ilhas com melhor infra-estrutura, mas ressalta que ainda há muitas a ser estudadas em locais onde possivelmente ocorrem outras espécies.
Cicchi diz que não é possível saber quantas espécies exatamente correm o risco de extinção justamente porque se sabe muito pouco sobre elas e outras que não foram sequer descobertas. Sabe-se, porém, que pelo menos as espécies endêmicas estão seriamente ameaçadas.
Mas o pesquisador diz acreditar que o perigo exista mesmo para espécies que ocorrem em abundância hoje, como a jararaca ilhoa.
Cicchi defende que as áreas onde vivem as serpentes sejam protegidas pela legislação ambiental - atualmente apenas três das 18 ilhas estão sob proteção.
"Essas áreas deveriam ser transformadas em áreas de proteção integral porque são importantes para a biodiversidade", afirma Cicchi.
O pesquisador também destaca que as serpentes só representam perigo para as pessoas quando têm seu ambiente invadido. Ele distingue também espécies mais agressivas como a jararaca de outras como a coral-verdadeira - que embora seja bastante peçonhenta dificilmente ataca.
É o caso da jararaca ilhoa, que, segundo Cicchi, só ocorre na Ilha de Queimada Grande.
O pesquisador alerta ainda que o desaparecimento dessas espécies pode gerar "um desajuste no ecossistema ou levar outras espécies à extinção".
Fonte: BBC Brasil