Geral
Restrição aos exportadores nacionais
O setor privado, que vê com ressalvas as exigências européias, dá como certa uma redução drástica no número de estabelecimentos autorizados a vender.
Antes das restrições anunciadas pela UE, 10,2 mil fazendas podiam exportar carne para qualquer lugar do mundo. A partir de 1º de fevereiro, somente estabelecimentos rurais integrados ao modelo de produção conhecido como Sisbov, e que respeitam os padrões dos europeus, poderão ingressar na UE. Dentro do governo, especula-se algo em torno de 800 propriedades. Os empresários do setor acreditam que esse contingente chegará a 2 mil.
Produtores e frigoríficos terão de seguir normas rígidas de produção do campo ao freezer se quiserem continuar no mercado. A partir do próximo mês, só poderão embarcar para a Europa cortes de animais que usarem brinco identificador — espécie de carteira de identidade bovina. Além disso, os bois deverão ser criados em áreas livres de doenças como a febre aftosa e terão de ser abatidos em indústrias reconhecidamente preparadas.
O Ministério da Agricultura tenta convencer a UE a aceitar um cronograma de atualização da lista, como forma de ampliá-la periodicamente. Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), disse que um cliente como o europeu não pode ser desprezado e que as recomendações são factíveis. "Vamos crescer muito depois desse processo. Teremos de nos adaptar, o que não será fácil, mas vamos conseguir", afirmou.
No que se refere à carne bovina, as previsões para 2008 são otimistas. As vendas externas vão crescer 15% em receita e 5% em volume, em comparação a 2007, conforme estimativas da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em 2007, as exportações representaram US$ 4,4 bilhões e 2,5 mil toneladas. O grupo JBS-Friboi demonstrou preocupação. "Acreditamos que as medidas irão impactar de forma negativa as exportações de carne bovina in natura", reforçou o comunicado.
Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), explicou que os reflexos serão imediatos, mas que o Brasil tem condições de fortalecer e até mesmo encontrar mercados alternativos. "Eles (europeus) vão comprar carne de quem?", provocou. A UE é a principal importadora de carne do Brasil. Antônio Jorge Camardelli, diretor-executivo da Abiec, afirmou que as barreiras erguidas poderão ser compensadas pelo envio de carne a outros destinos. "O mercado interno está reagindo. A Rússia está crescendo, estamos vendendo mais para a Argélia, Egito e Arábia Saudita. O mercado chinês é outra opção", completou.
Superávit ameaçado
As importações aceleraram duas vez mais que as exportações nas quatro primeiras semanas de janeiro, em sintonia com a tendência verificada desde meados do ano passado. Ainda assim, o período manteve um saldo positivo de US$ 748 milhões, resultado de US$ 10,858 bilhões em exportações e de um total de importações de US$ 10,110 bilhões, conforme os números divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A apenas quatro dias do encerramento do mês, os dados indicam que será pouco provável a balança comercial de janeiro repetir o superávit de igual período de 2007, quando alcançou US$ 2,517 bilhões.
Nas quatro semanas de janeiro, a média diária de exportações chegou a US$ 603,2 milhões — uma cifra 20,8% maior que a de janeiro de 2007. Mas a média diária de importações, de US$ 561,7 milhões, representou um aumento de 45,9%, na mesma comparação.
Esse desempenho refletiu a variação positiva nas compras externas de 20 dos 23 principais capítulos da pauta importadora do país.Dentre os 10 mais importantes produtos importados, três apresentaram crescimento superior a 100% — veículos, adubos e fertilizantes e cereais para moagem.
Fonte: Correio Braziliense