Em visita ao Show Rural da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), ontem, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que a decisão do bloco, composto por 27 países, foi arbitrária. Mas afirmou acreditar que, dentro dos próximos 90 dias, a situação estará resolvida através das negociações. “Recorrer à OMC não é a alternativa preferida, mas será feito se for preciso”, destacou Stephanes.

O ministro explicou que a discussão sobre a carne brasileira na União Européia se arrasta há cerca de oito anos. “A União fez uma série de exigências nesse período e, na questão sanitária, exige medidas conforme o padrão europeu. Mas o Brasil não tem problemas sanitários que a Europa tem, como a doença da vaca louca. As inconformidades que temos são burocráticas, sobre rastreabilidade.”

De acordo com Stephanes, a Europa está aumentando a pressão sobre o Brasil porque países produtores do próprio continente que perderam mercado com a ocorrência da doença da vaca louca, há alguns anos, se recuperaram e querem retomar parte do mercado perdido. “Aí fazem exigências, como a última, em que pretendem limitar a 300 o número de fazendas que exportariam carne para a Europa”, disse.

O governo brasileiro apresentou uma lista com cerca de 2,8 mil fazendas para exportar, o que provocou a reação da União Européia, que alega que o país não teria condições de rastrear o gado de tantas propriedades espalhadas por todo o território nacional. “As negociações agora são para que a União Européia, de imediato, selecione as 300 propriedades dessa lista que apresentamos. E continuaremos as negociações para definir como e quando as demais propriedades da lista apresentada poderiam ser liberadas para as exportações à Europa”, comentou.

“A rastreabilidade é uma questão burocrática, um método para controlar origem e trânsito dos animais. Mas se o animal é saudável, não tem problemas sanitários, isso não pode ser argumento para o embargo”, disse.

Independentemente da reação do governo brasileiro, a emissão de Certificado Sanitário Internacional para exportação à UE, no entanto, está suspensa a partir de hoje, por tempo indeterminado.

Tecnologias

Acompanhado do presidente da Embrapa, Silvio Crestana, o ministro visitou o estande da estatal para o lançamento de três novas tecnologias para a agropecuária: um kit de análise de biogás, o sistema de Produção Integrada de Trigo (PIT) e uma nova cultivar de soja, a BRS 282, que tem ciclo de maturação semiprecoce, resistente a doenças como o cancro da haste e aos nematóides de galha, que afetam o rendimento da cultura de soja.

O PIT é um sistema normatizado com o objetivo de garantir alimentos rastreados e com qualidade certificada. Já o Kit Biogás é um equipamento que ajuda o agricultor a conhecer a qualidade do biogás gerado nas propriedades rurais. No caso da suinocultura, um biodigestor utiliza os dejetos dos animais para gerar combustível renovável.

O Show Rural da Coopavel é realizado há 20 anos. Nesta edição, que termina hoje, apresentou cerca de 5 mil experimentos para a agricultura e pecuária e de alternativas de diversificação rural. Considerado um dos mais importantes eventos técnicos do agronegócio no Brasil, o Show Rural recebeu 320 expositores e deve fechar a semana com mais de 180 mil visitantes.


Fonte: Gazeta do Povo