Publicado em: 15/02/2008 09:40 | Categoria: Geral
Dentro da bancada ruralista, comenta-se que o desentendimento com o ministro não se restringe ao embargo da carne brasileira. O principal e mais antigo motivo de discórdia seria a renegociação da dívida agrícola, protelada constantemente pelo presidente Lula.
Integrantes do grupo já estariam defendendo a “fritura” do ministro, que na visão deles anda “falando o que não deve”. Os ruralistas formam a maior bancada de interesse no Congresso, com 73 deputados e senadores, 16 deles paranaenses.
Uma das propostas apresentadas ontem suspende a tramitação no Congresso de todos os acordos ou tratados bilaterais do Brasil com governos que integram a UE. A outra quer derrubar a instrução normativa do Ministério da Agricultura que estabelece os procedimentos de rastreabilidade da cadeia produtiva de bovinos e bubalinos.
O embargo começou em 1.º de fevereiro porque os produtores brasileiros não teriam cumprido as exigências de rastreamento dos animais da UE. O estopim para a sanção ocorreu quando o governo enviou uma lista com 2.681 propriedades aptas para exportação, enquanto os europeus solicitaram 300.
Caiado finalizou o texto de um dos projetos com duras críticas à ação do governo. “O projeto é uma resposta do parlamento às pressões alienígenas e um sinal para que o governo se recomponha, abandone sua posição de vassalagem e recupere o prestígio do Brasil como estado exportador”, dizem os documentos.
Nome forte entre os ruralistas, o deputado federal paranaense Abelardo Lupion (DEM), evitou confrontar Stephanes, mas atacou as ações do ministério. Para ele, acatar o desejo dos europeus e elaborar uma lista com produtores credenciados abre um processo de “cartelização”.
“Qual é o critério? Aceitando o que estão nos empurrando, estamos dizendo o seguinte: só 300 propriedades são sérias, o resto não produz carne de qualidade. É um absurdo”, afirmou. Lupion disse que os ruralistas vão se esforçar para que as duas propostas sejam votadas em regime de urgência na semana que vem.
Stephanes não se posicionou sobre o assunto. Ele esteve anteontem no Senado, onde participou de uma audiência na Comissão de Agricultura e criou polêmica ao dizer que alguns produtores exportaram à Europa carne irregular, que não havia passado por rastreamento.
“Tenho certeza de que frigoríficos exportaram para a União Européia animal rastreado e não rastreado”, garantiu. A declaração causou revolta entre os produtores.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Marcus Pratini de Moraes, afirmou que, se há problema de fiscalização, é culpa do ministério.
Fonte: Gazeta do Povo