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“Sinlandês” surge como raça mista para leite e carne


Publicado em: 20/11/2008 10:03 | Categoria: Geral

 


Em meio ao rebanho branco e preto surgem novidades. São os bezerros que lembram a aparência da vaca holandesa, mas com tons avermelhados e marrons. É o “sinlandês”, como brinca o criador Alberto Reinaldo Los, chamado de “louco” pelos colegas por arriscar uma nova genética no rebanho. A nova raça é uma mistura do simental, produtor potencial de carne, com o gado holandês, que bate as demais linhagens na produção de leite.

Incentivos para a experiência não faltaram. Ele tem um vizinho criador de simental que queria divulgar a raça, leu tudo que encontrou sobre a mistura e ainda foi orientado pelo criador paulista Francisco Siervo Neto, pioneiro em defender o cruzamento no Brasil. Há pelo menos dez anos, a mistura é feita nas fazendas da Europa e dos Estados Unidos. “Se o cruzamento de simental com gado holandês deu certo lá, é porque não é de todo ruim”, comenta Los, que vai começar a conhecer os primeiros frutos dentro de um ano e meio.

Ele tem 15 animais meios-sangues na fazenda Bela Vista, em Carambeí. Algumas vacas já estão inseminadas. Los, que não nega a cultura holandesa, inclusive por ter construído um moinho no quintal para embelezar a caixa d’água e ao mesmo tempo lembrar a tradição da sua família, tem 140 animais puros em lactação que produzem 3.850 litros de leite por dia.

A opção pelo cruzamento, além de ser um desafio para a família – que cria gado holandês puro desde a década de 60, com a coordenação do patriarca Theodoro Los –, tem objetivo econômico. “O meio-sangue é mais resistente, rende mais carne e não dá muita diferença de leite com relação ao gado holandês. Além disso, você economiza pelo menos 80% nos gastos veterinários”, explica.

A nova raça pode ser uma saída em tempos de crise. Como atualmente o custo de produção por litro de leite está no mesmo patamar do preço pago pelo laticínio, muitos produtores da vizinhança estão vendendo matrizes ou reduzindo a produção por animal para evitar prejuízos. “Eu ainda não vendi nenhum animal”, conta Los, lembrando que a vaca holandesa não pega bom preço no mercado de corte.

Demonstração

Como o meio-sangue tem mais rendimento de carcaça, pode alcançar melhor preço quando vendido em frigoríficos. O teste ocorreu em agosto, durante a Agroleite, em Castro. Los abateu um garrote de 9 meses que rendeu 225 quilos, ou seja, quase 15 arrobas. O rendimento da carcaça foi de 58%, enquanto que a média das raças de corte oscila entre 54% e 56%.

Estudo aponta série de vantagens do animal cruzado sobre o holandês

Pelas pesquisas feitas por Alberto Reinaldo Los, de Carambeí, o meio-sangue apresenta vantagens desde a inseminação até a morte. O sêmen do simental é mais concentrado que o do touro holandês e a taxa de fertilidade é maior, eliminando o problema enfrentado nos meses quentes, quando as vacas holandesas têm dificuldades em emprenhar. No parto, o risco de complicações é menor que na vaca pura. É necessário observar que as vacas holandesas são tradicionalmente apontadas como animais frágeis.

O bezerro cruzado ganha peso mais rápido que o puro holandês. Embora não haja regras rígidas de manejo, aos quatro meses o animal “sinlandês” sai do confinamento para ser criado no pasto, voltando a ficar fechado a partir do 28º mês, quando a fêmea, já crescida e desenvolvida, está pronta para lactação.

O leite do meio-sangue é mais rico em sólidos (proteína, gordura e lactose) que o da vaca pura. Ou seja, a vaca pode até render menos, mas sua produção tem maior valor. Os compradores da região oferecem preço diferenciado para leite rico em sólidos.

Na fazenda de Los, em média, cada vaca tem 2,2 partos durante toda a vida. Com o cruzamento, o pecuarista espera aumentar a média em pelo menos mais um parto. Também se espera uma longevidade maior. “Na literatura há registros de casos de cruzados com 22 anos de idade”, comenta. (MG)

Fonte: Gazeta do Povo

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