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Da vitrine ao produtor, o desafio da tecnologia
Evento em Cascavel, que apresenta as novidades tecnológicas do setor, ensina que produtividade não é suficiente. É preciso ter eficiência econômica e sustentabilidade
Em 20 anos, a produtividade da soja cresceu quase 50% no Paraná e 40% na média Brasil. O rendimento do milho de verão foi reajustado em 100% no país e perto acima de 150% no estado. O período coincide com a realização do Show Rural Coopavel, que teve início como Dia de Campo em 1989 e cumpre em 2010 a sua 21ª edição enquanto uma das mais qualificadas feiras de tecnologia agrícola da América do Sul. Não por acaso, o evento em Cascavel se transformou numa vitrine onde são apresentadas as novidades tecnológicas que estão chegando ao mercado nacional.
Mas se por um lado o Show Rural acompanha e mostra a evolução da tecnologia, de outro evidencia a dificuldade na ponte com o produtor. Desenvolver e lançar novas variedades de plantas ou de máquinas é uma coisa. Fazer com que essas novidades cheguem ao campo é outra. Os motivos são os mais diversos: passam pela assistência técnica e extensão rural, mas também têm relação com componentes econômicos e sociais, como condição financeira e grau de instrução. Para Rogério Rizzardi, coordenador do Show Rural Coopavel, a adoção da tecnologia requer tempo e vontade do produtor, realidade que demanda ações de convencimento e conscientização. “E foi a partir dessa necessidade, de envolver e convencer o agricultor, que o Show Rural desenvolveu uma dinâmica quase que autodidata de sensibilização e inserção do homem do campo no mundo do agronegócio moderno”, diz Rizzardi, que entende ser esse também o desafio dos quase 5 mil ensaios e mais de 300 expositores deste ano.
Em alguns casos, entrar na propriedade e interferir na decisão do produtor é romper uma barreira cultural, principalmente na chamada agricultura de transição ou então aquela situada na linha da pobreza. Nesses casos, a resistência estaria sendo quebrada mais por necessidade que por opção. Na avaliação do secretário Estadual da Agricultura, Valter Bianchini, sem tecnologia e informação, a atividade rural fica inviabilizada. São esses componentes, entende o secretário, que caracterizam a agricultura empresarial e familiar, que respondem por até 70% da produção agrícola do Paraná.
Bianchini defende o fortalecimento da extensão rural como agente de transferência de tecnologia, ganho de produtividade e modelos sustentáveis de produção. O Show Rural é o evento, mas o trabalho no campo começa antes e prossegue depois, através das cooperativas e das organizações vinculadas à Seab como Emater e Iapar.
No Show Rural, a Seab vai assinar o contrato número 4.500 do programa Trator Solidário, uma parceria com a New Holland para levar a mecanização às pequenas propriedades. “Isso também é tecnologia, produtividade e eficiência”, diz o secretário.
Fonte: Gazeta do Povo / Giovani Ferreira