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Estudo inédito investiga região de estuário no Paraná


Publicado em: 21/07/2010 11:48 | Categoria: Geral | Autor: Polianna Nogueira Marcelino

 


Rios do complexo estuário Paranaguá, no litoral do Paraná, e Cananeia e Iguape, no estado de São Paulo, estão sendo alvo de um estudo inédito no Brasil. O Instituto Eco Solidário, com apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, reuniu pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) para investigar a fauna de hidrozoários nesses ambientes. O objetivo do estudo é produzir informações sobre as espécies que habitam a região, incluindo as consideradas invasoras. Atualmente, a introdução de espécies exóticas, que geralmente ocorre pela ação do homem, é considerada como um dos principais fatores que afetam o equilíbrio ambiental e grande parte dessas invasões ocorre em regiões costeiras, como baías e estuários.

Parecidos com uma água-viva, os hidrozoários são geralmente marinhos, mas também ocorrem em regiões estuarinas – encontro da água doce com o mar –, onde são componentes importantes do ecossistema. Se apresentam de duas formas distintas durante seu ciclo de vida: o pólipo e a medusa. Entre as espécies conhecidas pela ciência está a Cordylophora caspia, nativa da região do Mar Negro e do Mar Cáspio, que possui grande capacidade de invadir novos ambientes, podendo causar graves alterações ambientais. No Brasil, a espécie foi registrada no Paraná e São Paulo.

Apesar de os ambientes estuarinos de água salobra responderem por uma pequena porcentagem da água presente na Terra, eles possuem grande importância ecológica e econômica. O estuário é uma porção de água costeira que tem uma conexão livre com o oceano, e na qual a água salgada é diluída pela água doce. “Dentro do ambiente marinho, as regiões de interface entre água doce e do mar são ambientes pouco conhecidos. Ao mesmo tempo, são regiões de uso intenso pelos seres humanos, o que as torna mais vulneráveis”, diz o coordenador do projeto, Antônio Marques, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da USP.

Os microrganismos e as espécies marinhas representam a maior fração da biodiversidade desconhecida do mundo. Oceanos e mares ocupam dois terços da superfície terrestre e a estimativa é que número total de espécies, considerando apenas o meio marinho, pode chegar a 10 milhões, mas os cientistas não têm como confirmar os dados. Até agora, além aproximadamente 10 mil espécies de microorganismos (bactérias e arqueias), foram descritas cerca de 250 mil espécies de plantas e animais marinhos – de um total de cerca de 1,8 milhão de espécies marinhas e terrestres. Mesmo em relação a essas espécies conhecidas pela ciência, a informação não vai muito além do nome científico e de algumas características anatômicas.
Análise

O monitoramento das comunidades de hidrozoários nos grandes estuários nas regiões sul e sudeste do Brasil desde 2007 resultou em uma grande quantidade de material biológico, que agora está sendo analisado para a conclusão da pesquisa. No total, 35 espécies foram encontradas. Paralelamente, o levantamento sobre a biodiversidade revelou espécies que podem ser consideradas bioinvasoras, isto é, que não são nativas, situação que mantém relação direta com o tráfego de navios e demais atividades portuárias. “Há muito ainda a ser descoberto no ambiente estuário e não se trata apenas de espécies, mas de grupos inteiros. E evidentemente, conhecer esses ambientes permite melhor planejamento de como utilizá-los de maneira sustentável. O conhecimento de suas comunidades naturais é mais que uma necessidade, é uma responsabilidade de um país megadiverso e gigante como o Brasil”, afirma Marques.

Fonte: Gazeta do Povo
 

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