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Pesquisador desenvolve produto atóxico contra mosquito e alga e busca parceria
Pesquisador brasileiro desenvolve produto atóxico que, lançado em água de lagos ou reservatórios, elimina algas e várias espécies de mosquitos. Ele foi desenvolvido pelo engenheiro químico Marcos Gugliotti. O produto já foi testado nos laboratórios da Universidade de São Paulo e da Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen).
Trata-se de um surfactante ou tensoativo, que altera as características da superfície da água. Ao ser aspergido ele forma uma película e reduz a tensão superficial. “É essa tensão que impede que os mosquitos afundem enquanto botam ovos na água. Sem ela, asas e patas ficam encharcadas e o inseto acaba afundando", diz Gugliotti.
O pesquisador, que faz pós-doutorado no Instituto de Física do câmpus de São Carlos da USP, explica que o produto não causa mal algum à saúde de quem beber (pessoa ou um animal) água com a película. “Além disso, ele é inerte, ou seja, não reage com outras substâncias", afirma.
A ação algicida ocorre porque, ao alterar as características físicas da superfície da água, o filme prejudica a flutuabilidade das algas, que acabam afundando e morrendo. "Como o produto não rompe a membrana celular das algas, elas não derramam toxinas na água, como ocorre com alguns algicidas que destroem essas membranas", explica Gugliotti.
O mosquitocita e algicida é biodegradável e se decompõe em um período de 48 horas, em média. Por isso, após esse tempo precisa ser renovado. Sua eficiência pôde ser verificada em lagos, reservatórios de água parada e em rios com fluxos lentos e laminares.
"Contra o mosquito Anopheles aquasalis, espécie comum em várias regiões do Brasil, transmissor da malária, a película se mostrou muito eficaz. Em apenas duas horas, o produto eliminou completamente as larvas e as pupas da espécie", disse. Em teste, realizado no Núcleo de Avaliação e Pesquisa do Serviço Regional de Marília (SP) da Sucen, o filme eliminou 98% das pupas do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Nos testes toxicológicos, o produto se mostrou inofensivo a peixes, crustáceos e moluscos. Aves aquáticas, como patos e gansos, também não foram afetados e conseguiram nadar normalmente sobre a película.
O cientista prevê que o filme poderá afetar de maneira colateral outras espécies de insetos que também botam ovos sobre a água. No entanto, esse efeito pode ser minimizado ao se restringir a aplicação em águas infestadas por insetos vetores de doenças. O pesquisador espera entrar em breve com um pedido de patente para o mosquitocida-algicida.
O produto pode ser fabricado também na forma de pó. Um quilo do produto é suficiente para cobrir uma superfície de 10 mil metros quadrados. A mesma área pode ser preenchida com a aspersão de um litro do produto em sua versão líquida. Gugliotti procura agora parceiros interessados na produção e na comercialização da película. A estimativa é que o produto seja comercializado a R$ 22 o quilo.
Fonte: Sociedade Sustentável