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Brasil tem dificuldade para fechar acordo sobre carnes com Rússia


Publicado em: 09/08/2011 12:13 | Categoria: Geral | Autor: Polianna Nogueira Marcelino

 


O governo brasileiro está cada vez mais longe de um acerto com os importadores de carne da Rússia - o maior cliente do país nesse segmento, mas que impôs desde 15 de junho embargo à compra de produtos provenientes dos estados do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso e do Paraná.

Na última quinta-feira (4/8), o Ministério da Agricultura enviou um novo documento às autoridades sanitárias russas reforçando as propostas brasileiras já feitas aos importadores de carnes no início do mês passado. Não há, no entanto, uma data prevista para uma resposta por parte dos compradores. "Estamos reiterando o pedido. E aguardamos análise e resposta desses documentos", disse o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Luiz Carlos de Oliveira. "Não há sinalização de prazo para resposta", admitiu.

No documento, o governo solicita mais uma vez o fim do embargo aos três estados. "Infelizmente, isso não foi suspenso. Mas os demais (estados) continuam exportando normalmente", considerou o diretor. O Brasil quer também ter acesso aos laudos de análise mencionados pelos importadores. "Nos enviaram um e-mail explicando que haveria um anexo com 76 folhas, mas não sabemos se houve problema na transmissão do e-mail", relatou Oliveira. Segundo ele, apenas de posse das informações, o governo
brasileiro poderá atender às possíveis novas demandas russas.

Proposta

Além disso, a carta enviada na quinta-feira pede que o país considere a sugestão brasileira apresentada em reunião em Moscou, no dia 6 de julho. Pela proposta, o governo brasileiro cancelaria a lista atual de 240 plantas credenciadas e passaria a considerar 88 unidades aptas a exportar. Faz parte da sugestão também uma lista paralela de 37 estabelecimentos, que teriam alguns empecilhos no momento (como a falta de análises laboratoriais), mas que teriam essas pendências sanadas até o final de setembro, segundo o governo.

Ocorre que no dia 28 de julho o governo russo enviou uma mensagem ao Brasil dizendo que descredenciaria essas 37 unidades temporariamente, o que pegou o governo de surpresa, já que a sugestão de plano B levaria em conta o aval imediato das 88 unidades. "Eles cumpriram isso, mas de forma parcial, anunciando uma só das listas. Isso foi diferente das nossas expectativas", avaliou.

Até que essa situação não esteja resolvida, o Brasil quer que os importadores passem a considerar a data de 2 de agosto para o embargo aos produtos desses 37 estabelecimentos, e não de 6 de julho, conforme divulgou a Rússia. Isso evitaria problemas com os produtos já remetidos ao exterior. O diretor garantiu, no entanto, que não há risco de se perder o volume exportado. "Isso já ocorreu em outros casos - até com a própria Rússia. Quando não há risco de contaminação, normalmente são aceitos os argumentos, e também a carne", explicou.

No documento, o governo brasileiro pede ainda o início de um grupo de trabalho composto por técnicos dos dois países para que cheguem a um consenso sobre interpretações de questões sanitárias. "Estamos prontamente fornecendo todas as informações solicitadas pelos russos", disse o diretor.

Negociações

Apesar de o imbróglio se arrastar há três meses, com missões dos dois países fazendo visitas ao outro lado e troca de documentos, Oliveira disse que ainda espera um resultado positivo de toda essa negociação. "Estamos confiantes que entendimentos sejam possíveis nos próximos dias e fizemos aquilo que nos cabe", afirmou. "Quero deixar claro: o governo brasileiro é extremamente ágil em dar respostas. O governo russo foi extremamente cortês com o Mapa (Ministério da Agricultura) e esperamos que reunião com laboratórios possa ocorrer", continuou.

Caso as negociações não avancem, o Brasil ainda tem uma carta na manga, que é a visita, prevista para a segunda quinzena de outubro, do diretor da autoridade sanitária russa, Sergei Dankvert, ao país. "Entendimento entre os parceiros é fundamental", avaliou. Nos bastidores, técnicos comentaram que muitas vezes um impasse internacional só é dissolvido quando as partes se encontram pessoalmente. E com a Rússia, não seria diferente.

 

Fonte: Revista Globo Rural

 

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