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Cão Comunitário comemora três anos de sucesso em Araucária
Na última quarta-feira (26), no Plenário da Câmara de Vereadores de Araucária, aconteceu um grande evento em comemoração ao terceiro ano do Programa Cão Comunitário de Araucária, que é desenvolvido e mantido pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), órgão municipal vinculado à Secretaria de Saúde (SMSA).
Na ocasião mais de 200 pessoas lotaram o auditório do Plenário, entre mantenedores de cães comunitários, representantes de oito prefeituras de Curitiba e Região Metropolitana (RMC), universitários, integrantes de ONGs de proteção animal e público em geral. Também estiveram presentes no evento o secretário municipal de Saúde, Haroldo Ferreira, o coordenador do CCZ, Antonio Pestana, a médica veterinária e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Molento, a médica veterinária do CCZ, Flávia de Mello Wolff, e o renomado adestrador brasileiro, Alexandre Rossi (conhecido pelo programa de televisão como Dr. Pet).
Durante o evento, o secretário de Saúde falou sobre a importância do programa que, juntamente com as campanhas de adoção, se apresenta como uma solução viável para reduzir o problema da superpopulação de cães abandonados nas ruas e também para o controle das zoonoses (doenças compartilhadas entre animais e homens).
“Nos anos 90, eu fui presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e tive a oportunidade de inaugurar alguns Centros de Controle de Zoonoses no Brasil. Principalmente na Bahia, era uma época em que se tinham muitos casos de transmissão de raiva ao ser humano através dos cães. E aqui no Paraná também vivemos uma situação difícil em razão desse problema, tanto é que do começo dos anos 80 até os anos 90, se fazia vacinação em massa dos cães contra a raiva. Então é uma questão histórica na saúde pública, por isso é muito importante estarmos discutindo com a sociedade, porque sem a participação das pessoas nós não vamos conseguir evoluir e manter nosso compromisso com a preservação da vida e evitar dor e sofrimento, não só para o ser humano, mas para todos os seres vivos”, destacou o secretário Haroldo Ferreira.
O Programa
De acordo com dados do CCZ, ao longo dos três anos do Cão Comunitário já foram cadastrados 123 mantenedores e 161 animais. Considerando que 25% dos cães acabaram sendo adotados e ganharam um lar definitivo.
A dona de casa, Eliane Sanches Gibim, mora no bairro Palomar e participa do programa Cão Comunitário há dois anos. Ela já foi mantenedora de três cadelas e atualmente cuida de mais um filhote em seu bairro. “Conseguimos encaminhar todas as três fêmeas para adoção e, graças a Deus, hoje elas têm uma família. Este programa da Prefeitura de Araucária é muito importante, porque depois que os cães entram, eles recebem cuidados e como estão saudáveis mais pessoas acabam se interessando em adotá-los”, explicou Dona Eliane.
Para entrar no programa o cão precisa atender a alguns requisitos. É necessário que ele tenha um vínculo consolidado com a comunidade onde vive, apresente comportamento dócil e não tenha um proprietário definido. Uma vez identificado, este cão é cadastrado e recolhido pelo CCZ para realização da cirurgia de castração ou esterilização, recebe vacinas, antipulgas e vermífugo, para só então retornar à rua onde vivia. Com essas medidas o cão se torna uma barreira reprodutiva (já que está castrado) e sanitária, ao impedir que novos animais ocupem o seu território (local onde vive).
“Para ser um Cão Comunitário este animal precisa de, no mínimo, duas pessoas que atuarão como seus observadores e mantenedores e serão responsáveis por alimentar, dar remédios e recolher as fezes do animal, além de fornecer sempre informações atualizadas e pedir auxílio ao CCZ caso ele apresente problemas de saúde ou de comportamento”, detalhou a veterinária do CCZ, Flávia de Mello Wolff.
Segundo a palestrante Carla Molento da UFPR, em mais de três décadas muitas tentativas, em âmbito mundial, foram feitas para tentar reduzir a população de cães de rua, desde o extermínio até o confinamento de muitos animais em abrigos, mas nenhuma logrou êxito. Conforme estatísticas apresentadas pela professora, atualmente existem cerca de 30 mil cães em Araucária, sendo que a cada ano nascem mais 60 mil novos filhotes. Porém ao lançar o programa Cão Comunitário, o município é pioneiro e dá um paço adiante em prol da promoção da saúde dos animais e das pessoas.
“Essa iniciativa da Prefeitura de Araucária está tendo uma grande repercussão em nível estadual, nacional e internacional. Eu já tive oportunidade de falar sobre o Cão Comunitário em quatro diferentes países: no Canadá, Noruega, Bélgica e, recentemente, na Escócia, em instituições de renome e muito tradicionais no mundo. Além disso, Araucária está colaborando para a formação do médico veterinário e do zootecnista não só no Brasil, muitos alunos da UFPR, de outras instituições brasileiras e até de outros países (como a Colômbia) procuram estágio em Araucária”, enfatizou a veterinária Carla Molento.
Para a médica veterinária Louise Tezza, da assessoria técnica do CRMV-PR, o evento foi muito bem organizado, inclusive com decoração temática. “A plateia demonstrou grande interesse e foi muito participativa, tirando as dúvidas e contribuindo com idéias”, comenta. Na opinião da médica veterinária, o encontro foi de extrema importância porque celebra uma nova era na questão de como o poder público e a sociedade estão tratando os animais, inclusive quando a saúde humana está envolvida. Ela conta que antigamente, sacrificava-se o bem-estar dos animais de forma desumana, sob a alegação de que era necessário para proteger as pessoas. “Hoje isso é inaceitável e considerado ineficaz. As soluções que estão sendo encontradas envolvem tanto o respeito aos animais como a promoção da saúde da população”, destaca.
De acordo com Louise, o CCZ de Araucária é considerado modelo no Brasil e internacionalmente, tendo excelentes programas voltados ao controle populacional de animais, que envolve o Programa Cão Comunitário, adoção de animais, educação em guarda responsável, modulação comportamental e adestramento básico de animais recolhidos, esterilização de animais, entre outras iniciativas.
Dr. Pet
E foi por apostar na ideia que o adestrador e zootecnista Alexandre Rossi (o Dr. Pet) está disponibilizando gentilmente uma equipe com 45 profissionais da sua empresa (a Cão Cidadão) para ajudar os mantenedores de cães comunitários que tenham eventuais distúrbios de comportamento.
“Eu perguntava por que as prefeituras não ajudavam esses cães que estavam na rua, e sempre ouvia de volta: como o município vai retirar esse cão da rua, se na hora de levá-lo de volta poderiam dizer que a própria prefeitura estaria abandonando esse animal. Eu sempre ouvia essa desculpa e me acomodei com a resposta, até conhecer o programa Cão Comunitário de Araucária, que está sendo levado a sério, que tem pessoas que com muito carinho estão participando e ajudando esses cães. Por isso eu quero colocar à disposição minha equipe, são 45 adestradores e consultores comportamentais para ajudar. É uma situação nova para nós também, é difícil conseguirmos sugerir soluções eficazes, mas estamos muito interessados em aprender e pensar no assunto”, reiterou Rossi.
Na oportunidade, o Dr. Pet deu dicas sobre adestramento de cães para correção de comportamentos indesejáveis, como correr atrás de bicicletas ou demonstrar agressividade contra carteiros ou profissionais que fazem a medição de água e energia. Ele também esclareceu dúvidas dos presentes e realizou demonstrações práticas com os cachorros Juruá e Benhur que estão para adoção no CCZ.
Fontes: Assessoria de Comunicação/Prefeitura de Araucária