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Pesca sem controle ameaça espécies do litoral Sul
Segundo Klippel, que estudou a conservação dessa classe de peixes (os seláquios) no litoral da região Sul, a pesca industrial é a principal ameaça. “Na plataforma Sul, houve uma redução de aproximadamente 90% na abundância original das espécies, o que caracteriza fase crítica de extinção. A situação não é diferente no resto do litoral brasileiro”, disse à Agência Fapesp.
Entre 2001 e 2005, o pesquisador integrou a equipe do projeto Salvar Seláquios do Sul do Brasil, da Fundação Universidade Federal de Rio Grande (Furg), que identificou as áreas críticas em que seria necessário interditar a pesca ou interromper a captura de determinadas espécies. No fim de 2005, o pesquisador lançou, em co-autoria com o biólogo Carolus Maria Vooren, o livro Ações para a conservação de tubarões e raias no sul do Brasil.
O projeto identificou 21 espécies de tubarões e raias na plataforma Sul. Nove delas criticamente ameaçadas de extinção. “A proporção é semelhante no resto do Brasil e a situação não mudou em 2006. Conseguimos a proibição da captura de certas espécies, o que ajuda muito, mas não houve avanços no ponto central: a criação de grandes áreas de exclusão de pesca”, afirmou.
A pesca de arrasto e de emalhe são as mais nocivas à biodiversidade marinha, de acordo com Klippel. Há áreas controladas, com fiscalização feita pelo Ibama. Cada barco pesqueiro flagrado realizando arrasto nessas áreas pode ser multado
“Avaliamos que seria preciso implementar, na plataforma continental, áreas de exclusão que equivalem a algo entre 30 e 50% de todo o litoral brasileiro. Com isso, conseguiríamos uma recuperação mínima dentro de dez ou 20 anos”, afirmou o pesquisador.
Hábitos reprodutivos especiais
Tubarões e raias sofrem particularmente com a ameaça de extinção devido a suas estratégias reprodutivas. “Os seláquios são vivíparos e as áreas costeiras de até
Embora algumas espécies sejam protegidas por lei, todas continuam sofrendo com a chamada pesca incidental. “Na maior parte das vezes, o barco pesqueiro procura outros peixes, mas atua nos berçários de tubarões e raias”, explicou.
Segundo o oceanógrafo, na década de 1980, somente no porto de Rio Grande (RS), eram desembarcadas anualmente cerca de 7 mil toneladas de tubarões e raias. Hoje, a fartura acabou. A criação de áreas de exclusão seria importante não apenas para preservar as espécies, mas para viabilizar a própria atividade pesqueira.
“A pesca só sobrevive porque tem subsídios do governo. O resultado é um círculo vicioso: incentiva-se o setor para que ele não quebre, evitando um impacto social, mas o investimento se transforma em devastação ambiental, que depois terá conseqüências sociais ainda mais perversas”, disse Klippel.
O livro "Ações para a conservação de tubarões e raias no sul do Brasil" está integralmente disponível no site do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros Lagunares e Estuários de Rio Grande (Ceperg), do Ibama, no endereço www.ibama.gov.br/ceperg.
Fonte: Zoonews