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Veto a embriões híbridos ameaça pesquisa, alertam britânicos
Na próxima quinta-feira, a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia do Reino Unido deverá anunciar se esses procedimentos devem ser permitidos. O órgão não fez comentários oficiais sobre a decisão pendente, mas cientistas foram informados, por canais extra-oficiais, que é improvável que as licenças sejam concedidas.
Em artigo publicado pelo departamento de saúde britânico sobre propostas de mudança na lei de Fertilização Humana e Embriologia, que cobre pesquisas com células-tronco, o governo propõe vetar a criação de embriões híbridos de material genético humano e animal.
A despeito disso, o primeiro-ministro Tony Blair garante que o governo não está com a questão fechada contra os cientistas. "Se há pesquisa que ajudará as pessoas, queremos vê-la avançar", disse ele, ao mesmo tempo em que reconhece que há dificuldades em torno da questão das células-tronco.
Diversos cientistas pediram autorização para criar células-tronco humanas a partir de óvulos de animais. O processo envolve injetar DNA humano num óvulo vazio de vaca ou lebre. Isso produziria um óvulo com material genético predominantemente humano, e traços de material genético animal.
Depois disso, o óvulo seria induzido a dividir-se, dando origem a um embrião do qual se poderiam extrair células-tronco.
Remover o núcleo do óvulo animal antes de iniciar o processo garante que o embrião resultante não será uma quimera, resultado da fusão entre duas espécies diferentes. "Quando se remove o núcleo original, remove-se a identidade da espécie do óvulo", explica Stephen Minger, diretor do laboratório de células-tronco do King´s College. A proporção, com a eliminação do núcleo animal e substituição pelo humano, seria de 13 genes de animal para 30.000 genes humanos.
Minger e outros pesquisadores querem licença para fazer esse tipo de estudo, a fim de melhor compreender doenças degenerativas no nível celular, a fim de encontrar mecanismos que possam ser visados por novos tratamentos. Os embriões não sobreviveriam por mais de 14 dias.
Usar óvulos humanos nesse processo é pouco prático, porque a transferência de material genético é muito ineficiente, gerando uma grande perda de material. Além disso, não há abundância de óvulos humanos.
Fonte: Estadão