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Milho despenca em Chicago e afeta mercado da soja
Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago operam com expressiva baixa no pregão desta sexta-feira (7). Por volta das 15h20 (horário de Brasília), as principais posições operavam com perdas de mais de 10 pontos e o recuo dos preços já pesava sobre os mercados vizinhos da soja e do trigo, os quais trabalhavam em campo misto e negativo, respectivamente.
O que pressiona o mercado internacional do milho é a inexpressiva demanda pelo cereal norte-americano. Como explica Pedro Dejneka, analista da Futures International, de Chicago, a procura tem sido maior pelo produto brasileiro que, atualmente, está US$ 25 mais barato do que a melhor oferta norte-americana.
O cenário de baixos estoques permanece nos Estados Unidos e esses deverão ser as menores reservas em 17 anos. Entretanto, esses números já não são mais suficientes, segundo o analista, para sustentar os ganhos do grão diante de uma demanda tão fraca. Na semana encerrada no dia 29 de novembro, as exportações do país totalizaram 51.600 mil toneladas diante de estimativas que variavam entre 350 mil e 550 mil toneladas.
"O milho passou importantes pontos no gráfico para baixo, a demanda está fraca e tivemos também movimentos de realizações de lucros por partes dos fundos e isso tudo pesa sobre o mercado. Assim como a soja, o milho também tem problemas com seus estoques, porém, de nada adianta se não há demanda para o produto", diz Dejneka.
Esse recuo do milho acaba, portanto, pesando sobre o mercado da soja em Chicago, que, por outro lado, ainda está sustentado e, por isso, opera com muita volatilidade na sessão desta sexta-feira. Por várias vezes a oleaginosa oscilou entre os lados positivo e negativo, e, por volta das 15h30, operava em campo misto.
Apesar da pressão negativa vinda do mercado do vizinho, trata-se de um momento fundamentalmente positivo para a soja. Em tempos de uma oferta extremamente ajustada, a demanda continua aquecida e não dá, ainda, sinais de desaceleração.
Os dados de exportações semanais divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportaram as vendas bem acima do esperado, superando o volume de 1 milhão de toneladas na semana que terminou no dia 29 de novembro. "Este relatório foi a lenha na fogueira para o mercado da soja neste momento", explicou Pedro Dejneka.
O andamento da safra 2012/13 também influencia o mercado internacional de grãos, principalmente a soja. Depois das perdas nos Estados Unidos, o mercado, como já vem sendo sinalizado por analistas e consultores, não tem espaço para novas perdas e, por isso, espera com muita ansiedade pela produção sulamericana. Diante disso, o foco dos investidores se voltam cada vez mais para as condições da colheita principalmente no Brasil e na Argentina.
No Sul do Brasil, algumas regiões produtoras sofrem com a falta de chuvas, enquanto, na Argentina, a preocupação é com o excesso de umidade e chuvas, o que já atrasa o plantio da soja em mais de 50 dias, comprometendo o potencial da safra.
Entretanto, como disse Dejneka, a safra 2012/13 ainda tem um longo caminho pela frente e ainda é cedo para se falar, nesse momento, sobre mudanças mais expressivas no potencial da produção. No Brasil, o clima, em linhas gerais, é favorável, bem como no Paraguai e, na Argentina, as previsões são otimistas. "De acordo com os mapas climáticos para os próximos 10 dias, deve chover no Sul e no Centro do Brasil e secar na Argentina, e o mercado vai observar isso", diz Dejneka.
Diante disso, o analista explica que, portanto, as informações atuais sobre o clima na América do Sul ainda não são motivo forte o suficiente para sustentar os ganhos em Chicago. "Um lado da equação não está presente, que é o clima. Ainda é cedo para fazermos um rally em cima dessas condições climáticas", diz Dejneka.
Por isso, ainda segundo o analista, serão necessárias algumas confirmações, tanto da continuidade do ritmo da demanda quanto das condiçõe climáticas na América do Sul para um posicionamento mais convicto do mercado.
"Sem um problema climático na América do Sul, a tendência é de que mesmo que as cotações da soja passem um pouco acima dos US$15, os preços fiquem suscetíveis á rodadas de realização ou venda. Ao mesmo tempo, as cotações deverão estar fortemente sustentadas acima dos US$14, baseadas na forte demanda existente no momento pela soja norte-americana. Até que tenhamos mais convicção sobre o tamanho real da produção de soja este ano na América do Sul, será difícil vermos movimentos sustentados tanto de alta quanto de baixas, pelos mesmos motivos citados acima", finaliza Dejneka.
pedro.loyola@faep.com.br