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Vacina não deixará rastros
Os resultados falso-positivos de exames aparecem devido ao processo de funcionamento da vacina. Para promover a imunização contra a febre aftosa, ela contém proteínas estruturais e não-estruturais do vírus. Ao serem injetadas no animal, essas substâncias induzem a produção de anticorpos, tornando-o resistente à doença.
Mesmo incapaz de provocar a aftosa, os resíduos das proteínas não-estruturais do vírus tornam o animal reativo. Assim, quando é realizado o teste sorológico é possível que o resultado indique animais positivos que não estejam doentes.
"Para assegurar que rebanhos vacinados estejam livres da doença, a porcentagem de reatividade deve girar em torno de 2%", explica Mário Eduardo Pulga, vice-presidente da Comissão de Assuntos para Febre Aftosa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).
Reativade zero
Apesar da eficácia e segurança da vacina produzida atualmente contra a febre aftosa, a indústria brasileira de fármacos veterinários quer reduzir os patamares de reatividade a nível zero. Isso não significa o desenvolvimento de outro tipo de vacina. "O princípio é o mesmo, nosso objetivo, com essa tecnologia, é retirar as proteínas não-estruturais da vacina, reduzindo e até eliminando o aparecimento de falso-positivos", detalha Pulga.
O Governo Federal ainda não publicou a regulamentação sobre a quantidade de resíduos de proteínas não estruturais do vírus que poderão estar presentes mas vacina, mas a indústria farmacêutica se adianta. Assim, quando a norma for publicada as indústrias já estarão adequadas a ela, ou muito próximas disso. Com isso, pretende-se descartar, por menor que seja, o fato de a reatividade ser decorrente da vacina.
As pesquisas estão sendo realizados pelas empresas de saúde animal com apoio do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa). A participação dessa instituição é importante, pois é ela que monitora o resultado da tecnologia desenvolvida pelas indústrias, e o desafio agora é adequá-la à produção massiva de vacinas contra aftosa no Brasil.
Serviço
* Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) – (11) 3044-4749
* Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – 3448-4770
Pesquisa garantirá segurança
O investimento na produção da nova vacina é alto. Cada empresa tem disponibilizado, em média, entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões por ano. Porém, não existe ainda previsão para se concluir as pesquisas que começaram há três anos. "É possível dizer que estamos trabalhando no último terço da nossa meta", conta Mário Eduardo Pulga.
O governo ainda estuda como e quais os níveis de reatividade das vacinas produzidas no País, para publicar a normatização. Em seguida, precisa apresentar laboratórios e dispor de estrutura para que possa avaliar se as indústrias estão se adequando às determinações.
Para complementar as vacinas e atuar no controle contra os focos de aftosa no País, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), fez um pedido à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargem), que desenvolvesse uma tecnologia capaz de diferenciar os animais reativos por causa da vacina daqueles efetivamente doentes.
O projeto ainda não saiu do papel, mas já tem orçamento previsto para este ano. Apesar de não revelar como funcionará a tecnologia, José Manuel Cabral, chefe-geral da Embrapa Cenargen, afirma que ela será capaz de distinguir os tipos de vírus existentes no sangue do animal, permitindo identificar com precisão os animais doentes.
Além disso, será feita a classificação dos vários tipos de estrutura existentes e o mapeamento de onde cada tipo ocorre. Desta forma, as autoridades sanitárias conhecerãos a distribuição de cada tipo de estrutura e será possível rastrear a localizar de cada um deles em território nacional.
Fonte: Jornal de Brasília