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Cascavel, última etapa do ciclo discutiu pecuária de corte paranaense
Um novo olhar sobre a pecuária de corte do Paraná será apresentado em abril do ano que vem na Exposição Agropecuária de Londrina. Será o resultado dos debates do ciclo que percorreu neste ano oito regiões produtoras do Paraná, com equipe coordenada pelo tesoureiro do CRMV-PR, Felipe Pohl de Souza, idealizador do evento, que percorreu mais de sete mil quilometros, com a participação do Laboratório de Pesquisa em Bovinocultura da Universidade Federal do Paraná, chefiado pelo professor Paulo Rossi, e da FAEP, com o envolvimento de Celso Doliveira, médico veterinário e assessor técnico da entidade. As informações foram passadas aos produtores que participam da rodada de debates em Cascavel, a última do ciclo, que foi apoiado pelo CREA-PR e pela Federação dos Agrônomos. A Federação da Agricultura realizou pesquisa paralela com grupo de professores da Universidade Federal do Paraná, com reuniões pontuais, que será integrada ao trabalho final ou apresentado num segundo documento.
"É muito difícil reunir o agropecuarista para discutir seus problemas, buscar alternativas para fazer alguma coisa para tirar a pecuária de corte da situação grave que enfrenta. Mas ele não aparece em reuniões importantes como esta, não compareceu a muitas reuniões que organizamos no passado. Pode estar descontente com políticas públicas mas este ciclo de debates, envolvendo tantas entidades importantes, é uma grande oportunidade para depoimentos claros e fortes. Estão presentes os que sempre comparecem e é bom que estejam aqui. Precisamos contribuir com os setores técnicos para melhorar a cadeia produtiva." Foi desta forma que engenheiro agrônomo e produtor Paulo Roberto Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel, abriu a última etapa do ciclo "Pecuária de Corte do Paraná: Onde estamos e para onde vamos?", no auditório da entidade, em Cascavel. A mesa de honra também foi formada por Celso Doliveira, da FAEP; Piotre Laginski, conselheiro do CRMV-PR e pecuarista; Rodrigo Martins, conselheiro do CREA-PR, e o zootecnista Éder Bublitz, chefe do Núcleo da SEAB em Cascavel.
O conselheiro Piotre Laginski, também pecuarista, abordou a questão da desorganização da cadeia e defendeu "pesquisas com vitrine. Há pouco o Instituto Agronômico realizou tarde de campo para discutir o problema das pastagens, prejudicadas pelas geadas, e mais de 600 produtores e técnicos participaram da reunião em Santa Tereza do Oeste. O gado é empurrado para as encostas pela agricultura, precisamos demonstrar tecnologias para estas áreas. A Nova Zelândia produz em regiões quebradas e alagadas, é exemplo mundial. Profissionais, produtores, entidades de classe e governos devem formar cadeias capazes de oferecer permanentes informações, pesquisas e políticas públicas coerentes. As universidades e seus cursos técnicos devem se aproximar das regiões produtoras, com informação, pesquisa e debates". Cascavel organiza a última etapa dos debates sobre pecuária organizados pela Federação da Agricultura, CRMV-PR, Universidade Federal do Paraná, com apoio do CREA-PR e Federação dos Engenheiros Agrônomos.
As lavouras de soja ocupam grandes áreas no Oeste do Paraná, nos dois lados das rodovias que cortam a região. A soja representa 17 por cento da renda do agronegócio no Paraná, no total de 9,15 bilhões de reais, contra 2,8 bilhões de reais da pecuária de corte bovina. A rentabilidade desta lavoura é uma das causas da queda na produção da pecuária. O engenheiro agrônomo Elir de Oliveira, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná sediado em Toledo, alerta para a degradação das pastagens na região e pede "profissional responsável nas propriedades, multidisciplinar, atento à qualidade da alimentação. Além disso, acho que o caminho de recuperação é a integração lavoura-pecuária, porque o ciclo da soja é de 130 dias, não há como competir".