* Air fagundes dos Santos - CRMV-RS 305
A profissão perdeu, no dia de hoje, o único médico-veterinário que galgou todos os cargos administrativos dentro do ensino universitário brasileiro. A sua trajetória como profissional do ensino começou quando era companheiro de Mariano da Rocha, no inicio dos anos sessenta, ao lado de outros colegas, na criação da primeira Faculdade de Veterinária do interior do Estado do Rio Grande do Sul, em Santa Maria.
Entre os primeiros docentes da recém-criada Faculdade de Veterinária, assim denominada na época, assumia a cadeira de microbiologia. Por determinado período ocupou a Chefia do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), certamente a sua primeira atividade administrativa na instituição de ensino que havia ajudado a criar. A seguir, por indicação de alguns colegas, aceitou a Direção da Faculdade de Veterinária, mas, exigiu que fosse através do voto dos seus pares. Assim, foi o seu segundo Diretor. Neste cargo, foi o mentor do estágio curricular obrigatório, hoje importante instrumento de ensino-aprendizagem da universidade brasileira. De Diretor de Faculdade, passou para a Direção do Centro de Ciências Rurais (CCR) da UFSM. Numa época em que o Campus Universitário de Camobi, onde está instalada a UFSM, estava em franco crescimento. De Diretor do CCR, naturalmente pela sua postura, trabalho, liderança foi elevado a Pró-Reitor, Vice-Reitor e, finalmente, a Reitor. Completando, desta forma, a caminhada administrativa na carreira universitária. Poderia se quisesse ter ido para Brasília, convites não lhes faltaram, para ocupar cargos importantes no Ministério da Educação, porém, preferiu encerrar sua carreira, sem vaidades, como simples docente no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva do CCR, percorrendo o mesmo caminho de volta. Assim, completando um ciclo dentro da mesma Instituição de Ensino Superior. Ciclo que começou dentro da sala de aula e que terminou, com sua aposentadoria, da mesma maneira: ministrando aulas para estudantes de graduação dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia.
Como ativista em defesa dos interesses da Medicina Veterinária e da sociedade, para que fique como lição para os novos profissionais, dedicou-se à política de classe e partidária. Sem medir esforços para auxiliar a manutenção e/ou a criação de algumas entidades de classe, entre elas, a Sociedade de Veterinária do RS (SOVERGS), a Associação dos Médicos Veterinários do Centro do Estado (Santa Maria), o Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS) e a Academia Rio-grandense de Medicina Veterinária (ARIMEVE), da qual continua como imortal como Acadêmico Fundador.
Esse era Armando Vallandro, hoje falecido, meu ex-professor, colega de docência na UFSM, parceiro de todas as horas na política de classe e, nos últimos anos, companheiro de Academia. E, acima de tudo, por ficar gravado na minha memória como o profissional que atendia seus colegas de profissão com as portas abertas dos gabinetes por onde passou. Ah! Um apaixonado por cavalos de corrida e defensor, ferrenho, do trabalho do médico-veterinário em saúde pública, como muitas vezes manifestou em nossas conversas.
Seu falecimento, no dia de hoje, deixa uma lição de vida e de profissionalismo que entrará para os anais da História da Medicina Veterinária Gaúcha e Brasileira.
Porto Alegre, 02 de abril de 2014.
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* Professor Titular Aposentado da UFSM Air Fagundes dos Santos – CRMV-RS 305