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CRMV-PR aprova medidas sanitárias para fim da vacinação contra a febre aftosa
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná se mostra favorável ao esforço do governo estadual em tornar o Paraná em área livre da febre aftosa sem vacinação, com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A entidade ressalta, no entanto, que o posicionamento está condicionado ao cumprimento das medidas sanitárias prometidas pelos órgãos governamentais.
“Há décadas o Paraná luta contra a febre aftosa. Foi uma luta até chegar à condição de estado livre com vacinação, perdido em 2005 por uma suspeita da doença. Há dez anos não se registra qualquer foco no estado. Está na hora de avançar, de mostrarmos para todos que não temos receio da doença porque o vírus não circula mais em nosso estado”, diz o presidente do CRMV-PR, o médico veterinário Eliel de Freitas.
No dia 2 de junho foi efetivada uma ação essencial para que o estado consiga atingir o novo status internacional de maneira segura do ponto de vista sanitário: foi publicado no Diário Oficial do Governo do Paraná o decreto 1535 com a nomeação de 169 novos servidores para a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Entre eles 61 médicos veterinários, 32 engenheiros agrônomos e 76 técnicos agropecuários, um reforço de 31% para o quadro funcional da autarquia.
Os novos fiscais deverão reforçar as fronteiras do Paraná com Mato Grosso do Sul e São Paulo, garantindo a não-circulação de animais e produtos de origem animal vindos de outros estados. Apenas Santa Catarina, que possui o status sem vacinação, poderá obter trânsito com o estado paranaense. O reforço na estrutura da defesa sanitária estadual foi uma das medidas recomendadas tanto pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento quanto pela OIE.
Um dos motivos pelo qual o governo estadual busca esse status é a valorização comercial que os produtos de origem animal do Paraná ganharão no mercado internacional. Além da possibilidade de abrir novos mercados importadores, como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Hoje o Paraná é o principal produtor de aves, o terceiro de suínos e nono produtor de bovinos do Brasil. Rebanhos estes que, de acordo com a Seab, geraram em 2014 receitas de US$ 2,36 bilhões, US$ 132 milhões e US$ 110 milhões, respectivamente.
No entanto o ganho de valor no mercado é apenas consequência de uma ação que visa ampliar o status sanitário do estado para garantir segurança aos consumidores, como defende o presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz. “Como entidade somos favoráveis ao avanço do status sanitário de qualquer natureza porque essa é a própria razão da existência da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná. É um erro pensar que a autarquia existe para atender o mercado de exportação; existimos para garantir boas práticas que visem a proteção da saúde animal e da sanidade vegetal capazes de assegurar a qualidade do produto agropecuário paranaense para qualquer mercado e consumidor. Proteger a saúde animal e a sanidade vegetal é preservar o futuro da humanidade”, explica.
Com as medidas protetivas do ponto de vista sanitário asseguradas, o CRMV-PR defende que o fim da vacinação contra a doença marca um avanço para o estado. “O governo mostra sua vontade contratando profissionais e estabelecendo as barreiras para evitar a entrada do vírus. Os Conselhos Municipais de Sanidade Agropecuária reforçam a vigilância. O Fundepec está preparado para a indesejável necessidade de agir em caso de foco. As instituições reunidas no Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária são favoráveis. Nessas condições, suspender a vacinação é coroar o esforço de todos: pecuaristas, veterinários e governo. Como profissionais de sanidade animal, somos favoráveis”, defende Eliel de Freitas.
A união de todas as frentes ligadas ao agronegócio foi outro ponto destacado por Kroetz, que acredita no debate como forma de aprofundar ideias e amadurecer decisões. “Sou 100% de acordo que as instituições, principalmente as representativas do agronegócio, se posicionem e compartilhem as responsabilidades e benefícios que uma decisão dessa magnitude representa. Esta é uma decisão compartilhada e sem essa união ela não irá prosperar ou encontrará grandes dificuldades para sua plena execução”.
PROCESSO DE RECONHECIMENTO
Há 10 anos livre da febre aftosa em seu rebanho, o Paraná deu recentemente o primeiro passo para ser reconhecido pela OIE como estado livre da doença sem vacinação. Juntamente com o MAPA, o governo estadual iniciou o processo para analisar os critérios exigidos pela entidade internacional.
Além do reforço nas fronteiras estaduais, será necessário fazer uma sorologia no rebanho paranaense e suspender a vacinação, ação prevista para novembro - a última campanha de vacinação do rebanho paranaense contra a febre aftosa foi realizada em maio deste ano.
De posse dos resultados da sorologia e sem vacinação em curso, o Paraná enviará o pleito à OIE em setembro de 2016. A expectativa é que em maio de 2017 ocorra a formalização do reconhecimento por parte da entidade internacional.