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CRMV-PR busca esclarecimento sobre a falta de tuberculina
A falta de tuberculina, em especial a PPD Bovina – insumo necessário para o exame de diagnóstico de tuberculose em bovinos – tem gerado complicações tanto para os médicos veterinários habilitados no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) quanto para as casas agropecuárias revendedoras e os produtores rurais brasileiros. Sendo a comprovação da ausência da doença necessária para diversas situações como transporte de bovinos, comercialização de leite, entre outros, a falta do insumo dificulta o trabalho dos profissionais e traz grandes prejuízos financeiros. Por isso o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, através do diretor Felipe Pohl de Souza, procurou as entidades ligadas à defesa agropecuária do estado para saber quais medidas seriam tomadas para solucionar o problema.
Atualmente apenas o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Instituto Biológico de São Paulo (IB) estão autorizados pelo Mapa a produzir o insumo, não conseguindo suprir a demanda em território brasileiro; desta forma, o Ministério da Agricultura optou por liberar a importação emergencial das tuberculinas PPD Bovina e PPD Aviária. “Para garantir uma maior oferta dos produtos e consequente diminuição do risco de desabastecimento, o que comprometeria as ações de controle e erradicação da brucelose e da tuberculose, este Departamento de Saúde Animal solicitou a importação emergencial de tuberculinas bovina e aviária”, informa o memorando-circular encaminhado pelo Mapa às Superintendências Federais de Agricultura no dia 19 de maio.
Assim, o Laboratório Ceva Saúde Animal foi autorizado a importar os insumos da empresa argentina Ceva Salud Animal SRL. De acordo com Marcelo Ferreira, diretor da Ceva Saúde Animal, o lote 279 de PPD Bovina já está à disposição para venda. A PPD Aviária, no entanto, ainda passa por testes do Mapa.
“Todos os lotes precisam passar por teste do Mapa para verificar se o insumo atende os padrões necessários. A importação está liberada para esse momento em caráter emergencial, no entanto essa falta de insumo não é constante, ela tem picos que acompanham a demanda dos estados. No Paraná, por exemplo, o maior número de diagnósticos de tuberculose acontece no mês de maio”, explica o fiscal federal agropecuário Diego Leonardo Rodrigues, da Divisão de Defesa Agropecuária (DDA) do Paraná.
Para solicitar o insumo proveniente de importação as empresas cadastradas como revendedoras devem entrar em contato diretamente com a Ceva, que encaminhará a solicitação à Adapar para apreciação. “O insumo já foi importado e está à venda. A compra desse produto é liberada somente às empresas credenciadas previamente e a solicitação passa obrigatoriamente pela Adapar. Mas a liberação ocorre de maneira rápida”, explica Rafael Gonçalves Dias, Gerente de Saúde Animal da Adapar.
Apesar de a importação resolver o problema da falta do insumo, nem todos estão satisfeitos com a solução encontrada; as casas agropecuárias autorizadas pela Adapar a revender o produto reclamam do preço pelo qual ele está sendo vendido. “Fizemos uma pesquisa esse mês para saber sobre a receptividade do insumo importado, mas o valor não agradou os médicos veterinários e o produtor vai gostar menos ainda. Já houve aumento considerável nos últimos dois anos, um dos reagentes passou de 45 reais para 75 e agora está sendo vendido a 100 reais; o outro era 36, passou para 160 e chega a 200 reais para o consumidor final. O produto da Ceva ainda tem um aumento de 20 a 25% no valor”, argumenta Airton José Marenda Ferreira, médico veterinário que comercializa o produto na região de Toledo.
De acordo com Diego Rodrigues, realmente muitos revendedores estão aguardando para saber se o Tecpar e o Instituto Biológico conseguirão ou não atender os pedidos e, em último caso, optam pelo produto importado. Mas a expectativa do próprio Ministério da Agricultura é que a importação não se torne um procedimento padrão; espera-se que os laboratórios consigam aumentar a produção em escala nacional para que ela supra a necessidade do insumo no país. Desta forma, o CRMV-PR continuará atento a este problema e procurará manter profissionais e empresas informados sobre o assunto.