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Preocupação da OIE com ensino da veterinária é preocupação do Brasil e do mundo


Publicado em: 29/07/2016 11:42 | Categoria: Geral | Autor: Thainá Laureano

 


A 4ª Conferência Mundial sobre Educação Veterinária, realizada na Tailândia no mês de junho, contou com a participação de representantes de mais de 90 países para debater a homogeneidade na qualidade do ensino da medicina veterinária nas escolas do mundo todo. Representando o Brasil e a América do Sul esteve o médico veterinário e professor aposentado da UFPR Felipe Wouk, que faz um balanço dos aprendizados e temas levantados um mês após sua realização. Há anos trabalhando pelo ensino da medicina veterinária no Brasil e no mundo, Wouk analisa a importância de os jovens profissionais terem competências na área da defesa sanitária e a necessidade de as escolas brasileiras oferecerem um ensino de melhor qualidade.

Como presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária do CFMV, Wouk mostrou sua preocupação com a disparidade dos cursos de veterinária do Brasil; preocupação compartilhada pela OIE e demais países. “Algo que me foi perguntado durante o evento é onde nós encontramos tantos professores qualificados para ensinar nessas mais de 200 escolas de medicina veterinária e eu fiquei sem resposta”, afirma. Para fins comparativos ele citou que os Estados Unidos, um país com mais habitantes e demograficamente maior que o Brasil, possui menos de 30 cursos para a formação de médicos veterinários. “Para você ter uma ideia, um terço das escolas de veterinária do mundo estão no Brasil. Como manter uma qualidade homogênea de ensino com essa quantidade de escolas? ”, questiona.

No entanto esse questionamento não é de hoje, há tempos o CFMV e os conselhos regionais têm trabalhado para que o ensino da profissão apresente melhorias. Uma das ações citadas por Wouk é a capacitação de docentes realizada através de parceria entre o CFMV e o Mapa em 2014, na qual 33 professores universitários foram selecionados para cinco dias de palestras sobre defesa agropecuária. “Nós sempre quisemos mostrar que essa sinergia entre órgãos ligados à agropecuária é importante. Há anos somos um órgão parceiro do Ministério da Educação no reconhecimento de novas escolas, mas podemos influenciar até certo ponto. A decisão final é do governo federal”, destaca.

“Assim buscamos outras maneiras de discriminar a qualidade profissional, o CFMV está novamente tentando fazer do Exame Nacional de Certificação Profissional uma realidade. Isso provoca as instituições de ensino a produzirem profissionais com as competências exigidas pelo mercado de trabalho”, diz, referindo-se ao ENCP emitido pelo Conselho Federal entre os anos de 2002 e 2007.

Outra preocupação da OIE a nível mundial é o ensino de questões ligadas ao sanitarismo. “O que ficou de mais importante desta conferência é a preocupação mundial de que a medicina veterinária possui foco no ensino da clínica e cirurgia de animais de companhia. Áreas importantes da profissão, como a seguridade alimentar e as doenças de caráter zoonótico são colocadas em segundo plano. As doenças com risco de pandemia são de uma preocupação sanitária muito grande. Há ainda o fator de que essas doenças podem ser acidentais, mas, diante do terrorismo, podem também ser provocadas intencionalmente”, alerta. Além disso, as três doenças que mais preocuparam o mundo recentemente são doenças animais: a gripe aviária, a gripe suína e a vaca louca. Motivos não faltam para que as escolas de veterinária deem o devido valor ao ensino da defesa sanitária. “O Brasil não é o país que mais preocupa nesse sentido, porque temos uma estrutura de defesa sanitária bastante boa. Mas o jovem não sai das nossas universidades motivado ou sequer preparado para atuar nessa área; se ele deseja enveredar pela área é preciso recorrer à educação continuada”.

Por isso o trabalho da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária segue sendo de extrema importância. Afinal, segundo Felipe Wouk, “temos que assumir que, particularmente, no nosso país o ensino é heterogêneo. Temos escolas com ensino de qualidade risível e isso deve preocupar o sistema CFMV/CRMV’s porque existimos para garantir à sociedade um exercício correto da veterinária, e a base disso é a educação”, finaliza.


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