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CRMV-PR e SESA capacitam profissionais de Londrina em leishmaniose visceral
Em mais um evento para promover a capacitação de profissionais do estado do Paraná quanto ao controle e diagnóstico da leishmaniose visceral, o CRMV-PR e a 17ª Regional de Saúde de Londrina atentaram os médicos veterinários da região para a zoonose durante o I Seminário Regional de Saúde Pública. Até o momento, a leishmaniose é encontrada somente em Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu no estado, mas com sua rápida disseminação logo deve chegar a outros municípios.
“De 2001 a 2006 aumentou 61% o número de casos de leishmaniose visceral no Brasil. De 46 cidades que tinham a doença no ano 2000, foi para 200 cidades em 2010. Para você ver a velocidade de propagação”, alerta o professor Italmar Navarro, que coordenou a elaboração do Manual Técnico de Leishmanioses Caninas impresso pelo Conselho.
De acordo com Navarro, a leishmaniose tem um poder de letalidade maior do que a dengue e por isso exige investimento público imediato para o seu controle. “Tem um ditado que diz que a universidade está longe da população, mas isso não é verdade aqui em Londrina. Temos diversos projetos que fazem parte dos procedimentos da vigilância sanitária, entre eles o da leishmaniose que foi implementado em 2005, há 11 anos. Por isso quando a doença chegou já estávamos prontos e esperando para agir. Agora podemos levar esse conhecimento para todo o estado, porque nenhum município está livre da leishmaniose”.
Endêmica em 88 países, a zoonose leva em média 200 pessoas a óbito por ano somente no Brasil. No Paraná, dos seis pacientes de casos autóctones confirmados, três não resistiram. Mais recentemente, na quarta-feira (30), uma criança portadora de leishmaniose visceral faleceu em Porto Alegre; a primeira vítima fatal do Rio Grande do Sul.
“Nós como médicos veterinários temos responsabilidade com a saúde única. Com o nosso conhecimento temos a obrigação de discutir essa zoonose que está crescendo desordenadamente no país”, acredita Benedito Fortes de Arruda, presidente do CFMV que participou da abertura do seminário.
Programação abordou pontos importantes
A programação do evento abordou todas as etapas para as quais os médicos veterinários devem estar atentos. O cronograma incluiu palestra sobre os aspectos clínicos da doença em cães, ministrada pelo professor Italmar, e sobre os aspectos clínicos em humanos, realizada pelo médico Alceu Bisetto Junior.
Como novidade em relação aos demais eventos promovidos sobre o tema, este contou com uma apresentação da médica veterinária Ingrid Menz sobre os resultados da pesquisa que realizou sobre a utilização do medicamento Milteforan. A droga foi liberada para importação pelo MAPA no dia 1º de setembro deste ano, embora ainda não tenha sido feita nenhuma comunicação oficial do órgão com orientações sobre a utilização do mesmo. Em sua palestra Menz mostrou a eficácia do produto e as chances de recidivas, além de alertar para a obrigatoriedade da utilização de coleira repelente no animal pelo resto da vida. Isso porque o medicamento trata dos sinais clínicos do cão, mas ele permanece como reservatório da doença.
Também foram apresentados os protocolos necessários para o envio de material para a realização de testes de diagnóstico, as normas expostas na Nota Técnica nº03/2016 da Secretaria da Saúde, e o case do Centro de Controle de Zoonoses de Foz do Iguaçu.
“Nossa proposta era discutir a leishmaniose porque sabemos que ainda há muitas coisas a serem decididas. Considero que o evento tenha obtido sucesso uma vez que a discussão foi promovida tanto do aspecto legal quanto em relação ao diagnóstico e tratamento. Continuaremos a levar essa discussão a médicos veterinários de outras regiões do estado para que possamos agir definitivamente no controle da leishmaniose”, concluiu o presidente do CRMV-PR, Eliel de Freitas.
O vice-presidente da Autarquia, Luigi Carrer Filho, os conselheiros Maurício Tozetti e Nestor Werner, e o delegado regional Paulo Hiroki também participaram do seminário. A médica veterinária Thaila Corona, presidente da Comissão de Saúde Pública do estado, ministrou palestra sobre o diagnóstico da zoonose.