Geral
Cientistas reconstituem migração do H5N1
“Conseguimos demonstrar que a província de Guangdong é a fonte disseminadora de múltiplas cepas do tipo H5N1, quer em escala regional, quer internacional”, afirmam os cientistas de Irvine no trabalho que está sendo publicado nos anais da Academia Nacional de Ciência dos EUA (www.pnas.org). “Ela, provavelmente, continua gerando e disseminando o vírus”, acrescenta Walter Fitch, professor de biologia e ecologia, um dos integrantes da pesquisa.
Justificando a importância desse achado, Fitch observa que o melhor meio de controlar um vírus é atuando sobre ele ainda na fonte. “E se você dispõe de um mapa mostrando de onde o vírus partiu, potencializa as perspectivas de isolar a cepa original para, por exemplo, utiliza-la no desenvolvimento de uma vacina”.
Em sua pesquisa, os cientistas da Universidade da Califórnia avaliaram amostras do H5N1 coletadas em diferentes partes do território chinês. Eles também analisaram a seqüência genética de amostras virais disponíveis no GenBank, uma base pública de dados de caráter genético (vide “Pesquisadores concluem seqüenciamento genético de milhares de cepas virais da Influenza”).
A partir daí, construíram a “árvore genealógica” do vírus – sujeita a rápidas mutações – e se concentraram, especificamente, em duas proteínas, chamadas hemaglutinina e neuraminidase (o “H” e o “N” do nome do vírus da gripe).
Com isso, conseguiram demonstrar que a versão básica do vírus era uma forma encontrada repetidas vezes em Guangdong, considerada o ponto de partida de todo o problema: “A região parece disseminar múltiplos surtos de H5N1, tanto pelo interior da China como em outras partes do mundo. É o que podemos chamar de epicentro. Mas agora há epicentros secundários, que disseminam ainda mais o problema”, comenta Robert Wallace, outro integrante da equipe de Irvine.
Na opinião de Wallace, os resultados obtidos têm grande aplicação prática, pois possibilitam, por exemplo, que os países vizinhos exerçam um maior controle sobre as importações provenientes do sul da China, assim como permitem que se desenvolvam vacinas compatíveis com a cepa chinesa do H5N1. E, da parte dos chineses – complementa o cientista norte-americano – agora será possível investigar mais de perto o que está acontecendo em Guangdong e avaliar, por exemplo, se os sistemas de criação ali adotados contribuem de alguma forma para as ocorrências observadas.
O mapa (de disseminação) do vírus elaborado pelos pesquisadores da Universidade da Califórnia também aponta que a província de Qinghai, no noroeste da China (próxima do platô tibetano, onde há novas informações sobre a presença do H5N1) é outro ponto de disseminação do vírus. No entanto, a constatação mais intrigante é a de que, em oposição à China (que seria, essencialmente, um agente disseminador do vírus), a península da Indochina (região que abrange Tailândia, Camboja e Vietnã e que concentra 68% das infecções humanas e 39% das mortes até agora registradas) atua, em essência, como um agente “absorvedor” do vírus. Ou seja: o H5N1 se dissemina naquela região, mas não se espalha a partir dela para outras regiões.
Fonte: AviSite