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Estudo acha novo peixe nos mares do Brasil
A descoberta do brasileiro Rodrigo Moura, do Programa Marinho da ONG de pesquisa Conservação Interna cional (CI), e do americano Kenyon Lindeman, da Environmental Defense, está na revista científica "Zootaxa", especialmente dedicada a divulgar novas espécies para a comunidade de pesquisa.
O bicho, até onde se sabe, só existe na costa brasileira e pertence a um gênero muito importante para a pesca comercial. Parentes dele, como o caranho (L. cyanopterus), o vermelho (L. purpureus) e o dentão (L. jocu), são velhos conhecidos dos pescadores do país. Os pesquisadores desconfiaram que se tratava de uma espécie nova ao observar o peixe na natureza, em 2003. Vasculharam museus em busca dos espécimes de referência (que permitem dizer se uma espécie já é conhecida ou não) e acharam vários exemplares da espécie, só que identificados incorretamente, com o nome de peixes que, na verdade, existem no Caribe e nos Estados Unidos.
A principal marca registrada da nova espécie é o conjunto de seis barras brancas e verticais que adornam suas escamas. Há também outras características de coloração que o diferenciam dos outros membros do gênero Lutjanus. O nome de espécie, alexandrei, é homenagem a um dos heróis esquecidos da ciência brasileira. Trata-se do naturalista pioneiro Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), que recolheu milhares de espécimes os quais, mais tarde, foram roubados do Museu da Ajuda, em Lisboa, pela invasão de Napoleão. Mais tarde, várias novas espécies foram descritas a partir do material de Ferreira, sem que ele ganhasse nenhum crédito por isso.
O novo peixe leva vida dupla: passa a "infância" em manguezais, onde fica mais protegido dos predadores e tem mais recursos alimentares, e nada em direção aos recifes quando se torna adulto.
Para os pesquisadores, a descoberta ressalta justamente a importância da conexão entre os ambientes de mangue e os recifes de coral para que os recursos pesqueiros continuem vigorosos no oceano. Além disso, saber diferenciar uma espécie da outra também é importante para esse gerenciamento da pesca - do contrário, há o risco de se achar que certo peixe tem população abundante, quando na verdade há indivíduos de mais de uma espécie nesse pacote.
Fonte: Zoonews