O CRMV-PR participou nesta quinta-feira (09), em Curitiba, do I Simpósio Paranaense de Saúde Única, promovido pela PUC-PR, para discutir estratégias de combate à resistência aos antimicrobianos. Com um público representativo de profissionais ligados à saúde única: médicos veterinários, biólogos, médicos e enfermeiros -, o evento trouxe especialistas da área para orientar sobre o problema global de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos.

“Os conselhos de classe têm uma atribuição primordial, que é a fiscalização do exercício profissional para garantir à sociedade um serviço de qualidade. Entretanto, também é função e dever do Conselho atuar na busca da valorização do profissional, apoiando e promovendo eventos de educação continuada como este”, destacou o presidente Rodrigo Távora Mira, que desde o início colocou a Autarquia à disposição para a realização do simpósio.

A palestra de abertura, ministrada pelo farmacêutico-bioquímico e professor Afonso Luís Barth, deixou clara a importância de se encontrar soluções para o problema, que até 2050 deve levar a óbito até 10 milhões de pessoas no mundo. Barth, que é coordenador do Instituto Nacional de Pesquisa em Resistência aos Antimicrobianos – INPRA, mostrou a rapidez com que as bactérias apresentam resistência aos novos medicamentos: antigamente, a presença de AMR se dava após 30 anos do uso do antibiótico, atualmente este número caiu para uma média de apenas 5 a 10 anos.

Já o professor Humberto Madeira apresentou a complexidade da AMR, que devido ao fluxo de transmissão de microrganismos se tornou um problema de saúde única, estando presente em humanos, animais e no meio ambiente. Segundo Madeira, os principais pontos a serem levados em consideração como medidas de combate à AMR devem ser a sensibilização da comunidade e dos profissionais no uso prudente de antibióticos, e na vigilância. O desenvolvimento de novas drogas, embora seja uma das estratégias, é um método caro e que não solucionará o problema.

Além disso, a discussão se torna ainda mais relevante para o estado do Paraná dada a sua representatividade na produção agropecuária. A utilização indiscriminada de antibióticos para tratamento dos animais e como promotores de crescimento podem levar ao aumento de genes de resistência no solo, nas pessoas ao seu redor e no meio ambiente em geral. De acordo com a médica veterinária e professora da UFPR Elizabeth Santin, com a evolução tecnológica na produção animal, a tendência global é a retirada gradual destes promotores de crescimento.

Participaram também do evento o decano da Escola de Ciências da Vida da PUCPR, Sérgio Surugi de Siqueira; a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Júlia Cordellini; e a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCPR, Paula Trevialatto.

I Simpósio Estadual de Resistência Antimicrobiana: Desafios e Perspectivas
Para dar continuidade ao debate, a Secretaria de Estado da Saúde realizará na próxima segunda-feira (13), às 14h, o I Simpósio Estadual de Resistência Antimicrobiana: Desafios e Perspectivas. O evento é gratuito e será realizado no CRM – Rua Victório Viezzer, 84 – Vista Alegre – Curitiba.