A síndrome de burnout, definida como um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do excesso de trabalho, tem sido cada vez mais diagnosticada nos médicos veterinários. Para ajudar a entender as causas e preparar os novos profissionais para lidar com o luto, a médica veterinária Carla Soares foi recebida pelos coordenadores e docentes no Seminário Estadual de Educação de Medicina Veterinária.

“O médico veterinário está cheio de ilusões e nós somos responsáveis por isso. Ele vem de um sonho de criança de ser ‘doutor dos animais’, mas por trás disso existe muita dor”, explica. De acordo com Soares, as instituições de ensino não preparam os acadêmicos para lidar com seres humanos e enfrentar situações emocionais às quais estão expostos diariamente.

“Onde estão as disciplinas que nos preparam para lidar com a vida humana? Porque quando um cachorro morre na minha mesa cirúrgica, eu tenho que lidar com as emoções e a dor dessa família. Tenho que estar emocionalmente preparado para lidar com isso e não ficar doente depois”, destaca.

O primeiro passo, afirma, é promover o autoconhecimento dos acadêmicos. Permitir que eles se expressem e se reconheçam, desenvolvam personalidade própria. Depois é preciso incluir na formação do profissional a compreensão do sistema familiar, do animal como um elo entre os seres humanos.

“A gente se colocou no lugar de querer ser um salvador. Fomos treinados para isso, mas esqueceram que somos seres humanos”, alertou, lembrando a importância das Universidades e dos docentes em incentivar discussões sobre felicidade, vida, morte, família e outras questões emocionais dentro das instituições.