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O Dia Internacional da Mulher no olhar das presidentes dos CRMVs
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. Neste ano, o tema é Eu sou a Geração Igualdade: concretizar os direitos das mulheres e está alinhado à nova campanha multigeracional da ONU Mulheres, chamada Geração Igualdade, a qual marca o 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim.
A história do Sistema Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária (CFMV/CRMVs) é escrita com a participação relevante de médicas-veterinárias e zootecnistas. Elas honram suas profissões, colaborando para o desenvolvimento do Brasil, impactando diretamente a saúde animal e humana, e preservando o meio ambiente, conceito sintetizado pelo termo Saúde Única.
Seja no campo, nas clínicas, nas indústrias, no trabalho administrativo ou político, elas não medem esforços para valorizar as classes. Os números confirmam a importância e influência delas no mercado de trabalho. Existem atualmente mais de 90 mil médicas-veterinárias e zootecnistas registradas nos conselhos, o que corresponde a 48,93% do total de profissionais inscritos.
Além disso, há seis mulheres ocupando as cadeiras das presidências dos regionais:
Annelise Tenório ( Presidente do CRMV- Alagoas)
Francisca Neide Costa (Presidente do CRMV-Maranhão)
Lizandra Dornelles (Presidente do CRMV- Rio Grande do Sul)
Maria Antonieta Martorano (Presidente do CRMV - Pará)
Márcia Helena da Fonseca ( Presidente do CRMV-Tocantins)
Valéria Rocha Cavalcanti ( Presidente do CRMV-Paraíba).
Em homenagem a todas as mulheres do país e, em especial, às médicas-veterinárias e zootecnistas, duas presidentes dos CRMVs contam suas experiências:
Valéria Rocha Cavalcanti
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB)
Quais os principais progressos que você considera como conquistas das mulheres brasileiras e quais os principais desafios a serem superados em nossa sociedade?
Sem dúvida, foram o direito ao voto e a métodos contraceptivos. Hoje escolhemos quem queremos que represente nossos direitos e quando e se queremos exercer a maternidade e ter filhos.
Os desafios são constantes e nos movem, nunca vamos parar de querer conquistar e nos superar perante uma sociedade que ainda é machista e se comporta como tal. Nosso maior desafio é fazer o homem entender que, hoje, nós temos o livre arbítrio, seja na vida pessoal ou profissional e, se quisermos, podemos criar nossos filhos sozinhas, se queremos ou não casar ou ficar casadas. Para isso, pagamos muitas vezes um preço alto, seja o julgamento da sociedade ou o desrespeito de companheiros e familiares.
Dos profissionais registrados no Sistema CFMV/CRMVs, 48,93% são do sexo feminino. Como você analisa as condições do trabalho das mulheres veterinárias e zootecnistas em relação aos direitos trabalhistas e ao exercício da profissão?
Várias áreas da Medicina Veterinária e da Zootecnia são consideradas masculinas, por serem cursos da área de agrárias e de campo, mas as mulheres já estão ganhando espaço com respeito à sua capacidade. Ainda temos um longo caminho a percorrer, tivemos um ganho considerável nas contratações, nas diversas áreas de atuação dos dois cursos. Mesmo sendo, às vezes, até mais capacitada para desenvolver o trabalho, a mulher ainda é discriminada em relação à sua condição. Temos salários menores do que os dos homens que desenvolvem o mesmo trabalho ou somos consideradas frágeis para determinados trabalhos.
Como o CRMV do seu estado tem tratado as demandas específicas das mulheres profissionais, no que se refere às condições e relações de trabalho e à pluralidade de suas atuações?
Minha gestão é recente, não temos nem seis meses, mas estamos iniciando com a campanha do Dia da Mulher, com história de médicas-veterinárias e zootecnistas em trabalhos e condições diferenciadas, como matadouro, zoológico, empresária, profissionais cadeirantes e transexuais, entre outras. Vamos mostrar que a mulher é determinada, guerreira, forte, capacitada e pode e deve ser inserida cada vez mais em funções executadas somente por homens, no passado.
Márcia Helena da Fonseca
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins (CRMV-TO)
Quais os principais progressos que você considera como conquistas das mulheres brasileiras e quais os principais desafios a serem superados em nossa sociedade?
Olhando a história, a transição do século XX para esse início do século XXI, estamos presenciando cada vez mais de inserção das mulheres no mercado de trabalho, fato explicado historicamente pela combinação de fatores evolutivos culturais, econômicos e sociais. Porém ainda são diversas as desigualdades e as mulheres ainda passam por inúmeras dificuldades em seus trabalhos com as quais os homens não precisam lidar, por exemplo a diferença salarial, o número menor de mulheres nos cargos de decisão e na política participativa e o equilíbrio entre atividades domésticas versus o emprego.
Dos profissionais registrados no Sistema CFMV/CRMVs, 48,93% são do sexo feminino. Como você analisa as condições do trabalho das mulheres veterinárias e zootecnistas em relação aos direitos trabalhistas e ao exercício da profissão?
Os médicos-veterinários e zootecnistas ocupam mais de 80 áreas de atuação, cada uma, o que demonstra a força que temos e o quanto contribuímos para o PIB brasileiro e o desenvolvimento do país.
Importante ressaltar que no Sistema CFMV/CRMVs já são 48,93% as médicas-veterinárias e zootecnistas registradas, demonstrando a evolução quantitativa e qualitativa dentro do mercado de trabalho. São guerreiras que acordam todos os dias para contribuir para suas áreas de atuação em um trabalho de excelência.
Entretanto, quando olhamos alguns indicadores de trabalho, como, por exemplo, em cargos de decisão dentro do país o número de mulheres ainda é pequeno, o que demonstra que temos que evoluir ainda nesse quesito de igualdade e competência profissional.
Como o CRMV do seu estado tem tratado as demandas específicas das mulheres profissionais no que se refere às condições e relações de trabalho e à pluralidade de suas atuações?
Estamos atuantes em prol do desenvolvimento dos profissionais da Medicina Veterinária e Zootecnia, na valorização e criação de postos trabalho, na defesa da valorização, da importância e da ética aos médicos-veterinários e zootecnistas, levando sempre a importância da atuação desses profissionais, independentemente do gênero, visando ao incentivo por mérito, atitude e competência. Entretanto, o número de mulheres atuantes no Tocantins (34%) ainda é bem menor do que o de homens. Temos feito um trabalho educativo para incentivar essas mulheres formadas a buscar oportunidades no mercado de trabalho.
O Tocantins é o estado mais novo do Brasil, criado em 1998, onde muitas mulheres foram pioneiras na Medicina Veterinária e Zootecnia – podemos citar a Dra. Arlette Mascarenhas, primeira presidente mulher de um CRMV no Brasil. Há muitas outras desbravadoras no desenvolvimento do estado, com personalidades fortes e atuantes, fazendo história. Mas, no contexto geral, temos que continuar incentivando ainda mais a participação da mulher no exercício da profissão, das políticas públicas e de muitas outras áreas que influenciam a Medicina Veterinária, a Zootecnia e as gerações futuras.
Projeto de Lei prevê participação de mais mulheres nos conselhos profissionais
Um Projeto de Lei do Senado (PLS) estabelece percentual mínimo para cada sexo na composição dos órgãos executivos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos conselhos fiscalizadores de outras profissões regulamentadas. O texto do PLS 414/2018 assegura a presença de pelo menos 30% de homens e 30% de mulheres nesses órgãos. A matéria foi incluída na pauta da reunião da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania (CCJ) da próxima terça-feira (10).
De acordo com o projeto, são considerados órgãos executivos a Presidência, a Vice-Presidência, as diretorias e as corregedorias da OAB e dos demais conselhos fiscalizadores. Caso o percentual mínimo não seja cumprido, prevê a anulação da eleição para renovação do órgão.
O texto prevê uma regra de transição: os órgãos poderão optar por reservar o percentual mínimo de 10% das vagas para cada sexo, no primeiro ano após a entrada em vigor da lei, e 20% no segundo ano. Se aprovado, as regras só começam a valer um ano após a publicação da lei.