As experiências das equipes de resgate em situação de desastre ambiental nos últimos anos levantaram a necessidade da atuação integrada de todos os agentes envolvidos. Entre eles estão os médicos-veterinários e zootecnistas que, dentre outras atividades, atuam no resgate e manejo dos animais. No Paraná a Comissão Estadual de Gestão de Riscos de Animais em Desastres (Cegrade) do CRMV-PR tem se mobilizado em diversas frentes para capacitar profissionais interessados em atuar nos resgates.

Uma das iniciativas foi o apoio na divulgação do curso “Manejo de Animais em Situação de Desastre” promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) em parceria com a Proteção Animal Mundial (World Animal Protection). Ao todo, são mais de 900 médicos-veterinários e zootecnistas inscritos.

A coordenadora de recursos naturais da secretaria, Fernanda Góss Braga, reforçou a importância da participação das categorias na capacitação. “A intenção de disponibilizar esse curso gratuitamente é de possibilitar que mais pessoas, que também possuam esse mesmo olhar sobre a fauna, possam se preparar para ajudar em uma eventual situação de desastre”, afirma.

Outra entidade da linha de frente nos resgates é a Defesa Civil. O Coronel Fernando Raimundo Schunig, que coordena a equipe no Estado, destaca a integração como “preponderante para que exista uma ação eficiente e comprometida”. Por isso os detalhes técnicos para resgate dos animais servirão pra que os profissionais envolvidos no atendimento tenham “um olhar mais especializado e compartilhado das ações a serem tomadas para a proteção dos animais afetados”.

Na prática

A ideia é estar preparado para colocar o conhecimento em prática quando surgir a necessidade. Observando os casos recentes de rompimento de barragem em Brumadinho (2019) e os incêndios no Pantanal em 2020, a atuação de médicos-veterinários e zootecnistas tem sido cada vez mais solicitada. Para a médica-veterinária Laiza Bonella Gomes, que preside a Comissão Nacional de Desastres em Massa Envolvendo Animais (CNDM) e esteve auxiliando os grupos de resgate nas ocasiões, a adesão das categorias ao curso é um marco.

“Mostra que não estamos mais inertes às diversas situações que o nosso país tem enfrentado nos últimos anos. Essas parcerias evidenciam que para se trabalhar os conteúdos que envolvem os desastres em massa, seja na conceituação, na gestão, na avaliação dos danos e impactos, bem como na assistência e salvamento dos animais, é preciso o envolvimento de vários órgãos”, defende.

Essa é justamente a proposta do CRMV-PR, que tem na Cegrade lideranças trabalhando para a criação de um grupo de profissionais voluntários capacitados e dispostos a ajudar. “O Conselho está se preparando para servir como coordenador da atuação dos médicos-veterinários e zootecnistas nesses eventos em consonância com a Defesa Civil e os demais órgãos”, pondera Leonardo Nápoli, secretário-geral da autarquia e presidente da comissão. “É importante ter esse preparo para uma ação efetiva e também para garantir a segurança dos animais e dos próprios agentes”, finaliza.