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Suinocultura produzirá rações menos poluentes
O seminário que foi realizado na ultima sexta-feira (13), e recebeu cerca de 100 pessoas, serviu para mostrar que a indústria das rações dispõe de alternativas para produzir alimentos que geram resíduos menos poluentes.
Os pesquisadores Jean-Yves Dourmad, do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola da França (INRA), e Age Jongbloed, da Universidade de Wageningen, na Holanda, apresentaram a experiência européia no assunto. Desde a segunda metade dos anos 90, novas leis e avanços nas pesquisas fizeram com que os europeus evoluíssem bastante na oferta de rações menos poluentes.
"A pesquisa mostrou o problema. Depois veio a decisão política, que acelerou as mudanças", explicou Age Jongbloed.
Para Márcio Ceccantini, integrante do Grupo de Aditivos Nutricionais do Sindirações, é possível melhorar as rações feitas no Brasil a partir da utilização de enzimas que melhoram o aproveitamento dos alimentos. Outra alternativa é a redução do nível de proteína a partir do uso de aminoácidos. Essas duas tecnologias são largamente utilizadas na Europa.
"O mais interessante é que o uso das enzimas e aminoácidos provoca, além de um menor impacto ambiental, redução no custo de produção da ração", afirmou Mariane Kutschenko, que também faz parte do Grupo de Aditivos Nutricionais do Sindirações.
Segundo dados apurados pela Embrapa Suínos e Aves e Sindirações, 1% a menos de proteína bruta numa dieta de suínos reduz em 10% os níveis de nitrogênio nos dejetos. Diminui também em 30% da presença de fósforo nas fezes e interfere ainda na geração de gases relacionados com o aquecimento global.
De acordo com os pesquisadores Gustavo Lima e Julio Cesar Palhares, ambos da Embrapa Suínos e Aves, o 1% a menos de proteína bruta também proporciona redução de 3% no consumo de água e de 5% no volume de dejetos.
Se já há como produzir uma ração mais barata e menos impactante do ponto de vista ambiental, por que essas novas tecnologias ainda não foram incorporadas pelas indústrias de ração brasileiras? A pergunta foi respondida durante o seminário do dia 13 de abril. "Primeiro porque há a necessidade de pesquisas que adaptem essas tecnologias às necessidades brasileiras. E segundo porque, como não existem normas ditadas pelo governo que indiquem como as rações devem ser produzidas, as mudanças não estão acontecendo na velocidade que poderiam acontecer", afirmou Márcio Ceccantini.
Fonte: Embrapa