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Estudo desvenda personalidade de bichos
Enquanto até agora a noção de "personalidade" era considerada uma exclusividade da espécie humana, cada vez mais os biólogos admitem que se trata, na verdade, de uma característica comum a uma grande gama de espécies, das lulas às aranhas, dos ratos aos macacos.
Nos últimos anos, os estudos demonstraram, de fato, que os animais que aparentemente são impossíveis de distinguir porque têm a mesma estatura, idade, sexo e vivem no mesmo hábitat, podem se portar de forma diferente diante das mesmas situações ou de perigo.
Um pardal, por exemplo, pode comer avidamente migalhas oferecidas pela mão humana, enquanto outro se mantém prudentemente à distância, embora sinta o mesmo desejo que o primeiro diante de semelhante iguaria.
Segundo a teoria da seleção natural, a flexibilidade das espécies é uma das melhores estratégias para a sobrevivência e a reprodução, disse Max Wolf, biólogo encarregado do estudo.
Mas "em muitas situações, é difícil entender o valor que algumas correlações têm para a evolução, como as existentes entre a audácia e a agressividade", disse Wolf.
Por este motivo, Wolf e sua equipe defendem que a personalidade dos animais representa um fator determinante para a estratégia de adaptação em vista da evolução da espécie.
Em resumo, o que os pesquisadores holandeses viram é que a variação inata de personalidade pode ser uma estratégia interessante para os bichos. Em modelos computacionais que simulam o desenvolvimento de uma população animal ao longo do tempo, eles viram que vale a pena ter personalidades diferentes dependendo do tipo de reprodução que um animal vai ter.
Bichos que correm relativamente pouco risco de morrer cedo, por exemplo, tendem a se dar melhor em termos reprodutivos se forem pouco agressivos com seus companheiros de espécie e medrosos diante de predadores. Dessa maneira, eles podem demorar a ter filhotes e, mesmo assim, deixar muitos descendentes.
Já os animais sob risco maior ganham mais em ser mais agressivos com os companheiros e mais corajosos em relação a predadores - isso porque, embora possam morrer cedo, ganham pelo menos alguma chance de deixar descendentes.
Numa população natural, ambas as estratégias acabam se equilibrando, o que favoreceria o surgimento de personalidades inatas de "ousados" e "conservadores", assim como várias gradações intermediárias, afirmam os cientistas.
Fonte: G1