Nesta semana, grupos de lobistas da Irlanda e do Reino Unidos enviaram um pedido para que o ombudsman da Comissão Européia avalie a possibilidade de que seja aberto um caso contra o Brasil e que um embargo seja estabelecido. Na segunda-feira, o tema fará parte das discussões no Parlamento Europeu. Para Bruxelas, porém, um embargo somente pode ser colocado por “razões de saúde”, em uma crítica indireta às intenções dos lobistas.

Em abril, o Estado antecipou que os produtores irlandeses estariam estudando a iniciativa de levar o caso ao ombudsman do bloco, em uma última e desesperada tentativa de frear as importações vindas do País, alegando falhas na fiscalização sanitária brasileira. Mas entre os funcionários da Comissão, a medida é vista com pouca credibilidade e como um argumento para justificar uma proteção.

“Não estamos levando essa iniciativa (dos irlandeses) muito a sério”, disse um representante da Comissão. Isso porque os irlandeses já tentaram diversos instrumentos para conseguir convencer as autoridades a impor um embargo imediato, todas sem sucesso. Em uma das tentativas, os irlandeses produziram seu próprio relatório sobre a situação fitossanitária do Brasil e concluíram que a carne nacional representava uma ameaça. O documento foi considerado insuficiente para legitimar uma ação imediata. Outra iniciativa foi a de estudar recorrer aos tribunais da UE contra a própria Comissão, proposta também abandonada.

Em Bruxelas, os veterinários afirmam estar conscientes dos problemas existentes no controle fitossanitário do País, mas não estimam que um embargo seja algo urgente. A proposta dos europeus é que o País faça reformas nos seus sistemas e, se isso não ocorrer até o final do ano, aí então um embargo seria imposto. Para o comissário responsável pela saúde do consumidor, Markos Kyprianou, a decisão de dar um prazo ao Brasil foi tomada depois que o País recebeu seis missões de veterinários europeus em apenas três meses.

Não por acaso, Kyprianou faz questão de dizer que “assume toda a responsabilidade” pela importação da carne brasileira perante os consumidores. “Vamos responder no Parlamento Europeu às preocupações dos produtores na segunda-feira”, disse Phillip Todd, porta-voz da Comissão Européia. Segundo ele, uma medida de embargo só se justificaria baseada em questões de saúde.

Michael Mann, porta-voz da comissária para a Agricultura da Europa, Mariann Fischer Boel, também garante que seu departamento está satisfeito com o trabalho de proteção ao consumidor de Kyprianou.

No início da semana, Fischer Boel enviou uma carta pedindo atenção da Comissão ao assunto, depois de ter sido pressionada pelos produtores irlandeses. “A resposta que obtivemos foi satisfatória e não pensamos em tomar nenhuma nova providência agora”, disse Mann.

Fonte: Agência Estado